Dr. William William comenta um estudo sobre a avaliação comparativa entre quimioterapia e terapia hormonal em pacientes com carcinoma de ducto salivar expressando receptor de andrógeno
Carcinomas de ducto salivar (SDC) e adenocarcinomas (ADC) são formas agressivas de câncer, com uma característica que os diferencia: o receptor de andrógeno (AR) é frequentemente encontrado no SDC, mas raramente no ADC. Até o momento, a quimioterapia (CT) tem sido o tratamento padrão para tumores que reaparecem, se espalham ou não podem ser removidos cirurgicamente. No entanto, devido à semelhança histológica entre o carcinoma de ducto salivar e o câncer de próstata, onde a terapia de privação de andrógeno (ADT) é amplamente utilizada, um estudo de fase II liderado pela EORTC foi realizado para avaliar a eficácia da ADT em pacientes com essas características tumorais.
O estudo EORTC (NCT01969578) incluiu pacientes com SDC e ADC expressando AR, que ainda não haviam sido tratados para doença recorrente, metastática ou irressecável. Os pacientes foram divididos em dois braços. A coorte A foi subdividida em dois grupos: o primeiro grupo recebeu QT (cisplatina 75 mg/m² + doxorrubicina 60 mg/m² ou carboplatina AUC 5 + paclitaxel 175 mg/m² a cada três semanas, até seis ciclos) e o segundo grupo foi tratado com ADT (bicalutamida 50 mg uma vez ao dia + triptorelina 3,75 mg a cada 28 dias, até a progressão da doença). A coorte B, composto por pacientes previamente tratados, recebeu apenas ADT. Para garantir a precisão, a histologia foi revisada centralmente, e a expressão de AR foi confirmada com mais de 70% de positividade em coloração por IHC.
No total, 89 pacientes participaram do estudo, sendo 60 no grupo randomizado e 29 no grupo que recebeu apenas ADT. A maioria dos participantes era do sexo masculino, com idade média de 65 anos. Na coorte A, a mediana da sobrevida livre de progressão (PFS) foi de 4,0 meses (IC de 95%: 3,6-8,7) no braço ADT e de 6,5 meses (IC de 95%: 5,3-8,6) no braço CT. A taxa de resposta objetiva (ORR) foi de 23% para ADT e 35% para QT. Eventos adversos (EA) ocorreram em 96% dos pacientes tratados com CT e em 67% dos pacientes com ADT. A razão de risco de OS, ADT versus CT, foi HR=1,91 (IC de 95%: 0,92-3,98). Eventos graves (grau 3 a 5) foram registrados em 15% dos pacientes de ambos os grupos. Na coorte B, a ORR foi de 19% com 1 resposta completa. A PFS foi de 3,5 m (IC 95%: 2,0-5,9) e a OS mediana foi de 20,2 m (IC 95%: 9,8-29,5). Enquanto a AE G3-5 foi de 4%.
A ADT não demonstrou superioridade nem inferioridade em relação à QT no tratamento de pacientes com SGC que expressam AR. A sensibilidade à ADT foi observada independentemente da sequência de tratamento, linha terapêutica e amplificação de HER2.
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