Dr Marcelo Cruz comenta os resultados de um estudo de fase 2 com Ivonescimabe, demonstrando grande potencial deste anticorpo bioespecífico no tratamento de câncer de mama triplo negativo
Ivonescimabe, um anticorpo biespecífico direcionado ao PD-1 e VEGF, já havia mostrado resultados promissores no tratamento de câncer de pulmão. Agora, um novo estudo fase II demonstra o potencial dessa molécula em combinação com quimioterapia para o tratamento de câncer de mama triplo-negativo (TNBC) localmente avançado ou metastático, uma doença altamente agressiva e com prognóstico desfavorável.
Este estudo de fase II, aberto e multicêntrico, incluiu 30 pacientes com TNBC localmente avançado irressecável ou metastático. Os pacientes receberam ivonescimabe a 20 mg/kg a cada 2 semanas, em combinação com paclitaxel (90 mg/m²) ou nab-paclitaxel (100 mg/m²) administrados nos dias 1, 8 e 15 de cada ciclo de quatro semanas. O objetivo principal foi avaliar a segurança e a taxa de resposta objetiva (ORR) conforme os critérios RECIST1.1.
Após um acompanhamento mediano de 7,2 meses, a ORR atingiu 72,4% (21 de 29 pacientes), e a taxa de controle de doença (DCR) foi de 100%. Entre os pacientes com escore combinado positivo de PD-L1 (CPS) ≥10, a ORR foi de 83,3%, enquanto aqueles com CPS <10 alcançaram uma ORR de 69,6%. O perfil de segurança foi considerado aceitável, com 46,7% dos pacientes apresentando eventos adversos relacionados ao tratamento de Grau 3 ou superior, principalmente neutropenia (16,7%) e leucopenia (13,3%). Nenhum desses eventos levou à interrupção do tratamento ou à morte.
A taxa de sobrevida livre de progressão (PFS) em 6 meses foi de 68,4%, mas os dados de PFS e sobrevida global (OS) ainda não estão maduros para análise final.
Ivonescimabe combinado com quimioterapia mostrou atividade antitumoral significativa e um perfil de segurança gerenciável como tratamento de primeira linha para TNBC localmente avançado ou metastático. Os resultados sugerem que estudos adicionais são necessários para confirmar seu papel nesse cenário terapêutico desafiador.
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