Acompanhamento de longo prazo do estudo Alliance: ibrutinibe na LLC - Oncologia Brasil

Acompanhamento de longo prazo do estudo Alliance: ibrutinibe na LLC

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Neste vídeo, Dr. Guilherme Perini, Médico Hematologista no Hospital Israelita Albert Einstein e Coordenador da Hematologia do Grupo Americas, comenta os dados do acompanhamento de longo prazo do estudo Alliance, que indicam vantagem da estratégia terapêutica com ibrutinibe para pacientes com leucemia linfoide crônica

Foram apresentados os resultados animadores do acompanhamento de longo prazo do estudo Alliance na conferência anual da ASH. Alliance é um estudo clínico em fase 3 comparando bendamustine + rituximabe (BR) com ibrutinibe (braço 2) e a combinação ibrutinibe + rituximabe (braço 3) para avaliar se os esquemas incluindo ibrutinibe são superiores a quimioimunoterapia em termos de sobrevida livre de progressão (SLP) e se adicionar rituximabe ao esquema com ibrutinibe seria benéfico ou não. 

Foram incluídos os pacientes com idade ≥ 65 anos, leucemia linfoide crônica (LLC) prévia sintomática e sem tratamento.  Pacientes foram estratificados de acordo com estágio Rai, metilação central Zap-70 e del(17)(p13.1) ou del(11)(q22.3) e foram randomizados na razão 1:1:1 para os 3 braços. Aqueles que apresentassem progressão no braço 1 poderiam mudar para o braço 2.  

Entre 09/12/2013 e 16/05/2016, um total de 547 pacientes foram randomizados: braço 1: 183, braço 2: 182, braço 3: 182. Quanto às características na baseline, idade mediana foi de 71 anos, 53% sem metilação Zap-70, 61% sem mutação IGHV (avaliada em 66% dos pacientes), 6% apresentaram del(17p) e 20% del(11q) de acordo com método FISH. O tempo de acompanhamento mediano foi de 55 meses. 

Resultados: 

A SLP médio foi de 44 meses (IC 95% 38 – 54) no braço 1 e não foi alcançada nos braços 2 ou 3 [braço 2 vs 1 hazard ratio (HR): 0.36, 95% IC 0.26-0.52, p<0.0001; braço 3 vs 1 HR 0.36, 95% IC 0.25-0.51, p<0.0001; braço 3 vs 2 HR 0.99, 95% IC 0.66-1.48, p=0.96]. SLP estimada em 48 meses foi de 47%, 76% e 76% para os braços 1, 2 e 3, respectivamente. No entanto, até o momento, não houve diferença significativa na sobrevida global entre os esquemas (p=0.49). Estimativa de sobrevida global em 48 meses foi de 84, 85 e 86% nos braços 1, 2 e 3.  

Em todas as análises subgrupo definidas por anormalidades em TP53, del(11q), cariótipo complexo e IGHV, houve consistente benefício de ibrutinibe sobre quimioimunoterapia, sem benefício adicional ao combinar rituximabe e ibrutinibe. Nos pacientes com anormalidade em TP53, houve maior benefício de esquema ibrutinibe sobre quimioimunoterapia (p < 0.001). Então, no braço 1, a SLP foi significativamente pior nos pacientes com anormalidade em TP53 vs sem anormalidades (HR 5.32, 95% IC 3.05-9.27, p<0.0001), mas nos braços 2 e 3 combinados, não houve diferença significativa na SLP de acordo com presença ou ausência de anormalidade de TP53 (HR 0.99, 95% IC 0.51-1.91, p=0.98). Quanto aos efeitos adversos, houve aumento na incidência de fibrilação atrial e hipertensão arterial sistêmica com o tempo de terapia. 

Os autores concluem que essa atualização do estudo clínico A041202 continua a demonstrar superioridade dos esquemas com ibrutinibe sobre os BR para prolongar SLP em pacientes mais idosos sem tratamento prévio para LLC. Esse benefício continuou a ser demonstrado nas análises de subgrupo com maior acompanhamento, inclusive naqueles associados a maior risco de doença. Nos braços com ibrutinibee, não houve SLP inferior para pacientes com anormalidade em TP53. Isso diferenciaria ibrutinibe de outras terapias-alvo para LLC virgem de tratamento. Esses dados suportam o uso de ibrutinibe como primeira linha de tratamento de LLC e reforça o racional para seu uso em doença de alto risco.  

No vídeo, Dr. Guilherme faz uma análise dos dados do estudo. Vale a pena assistir e conferir o conteúdo completo! 

Referências: 

– “Long-Term Results of Alliance A041202 Show Continued Advantage of Ibrutinib-Based Regimens Compared with Bendamustine Plus Rituximab (BR) Chemoimmunotherapy”, presented on December 13 by Jennifer A. Woyach, MD at ASH annual meeting.