Adição de daratumumabe à lenalidomida, bortezomibe e dexametasona manteve melhores respostas na comparação com lenalidomida isolada para mieloma múltiplo recém-diagnosticado - Oncologia Brasil

Adição de daratumumabe à lenalidomida, bortezomibe e dexametasona manteve melhores respostas na comparação com lenalidomida isolada para mieloma múltiplo recém-diagnosticado

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Dr. Angelo Maiolino, Professor de Hematologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Coordenador de Hematologia do Américas Oncologia no Rio de Janeiro, comenta os resultados atualizados de um follow-up mais prolongado do estudo de fase 2 GRIFFINN (NCT02874742) apresentados no 62º Congresso Anual da ASH. 

O trabalho – de iniciativa do investigador e desenvolvido nos Estados Unidos – compara daratumumabe (DARA)um anticorpo monoclonal IgGκ humano direcionado a CD38combinado à lenalidomidabortezomibe e dexametasona (RVdversus o braço controle RVd em pacientes com mieloma múltiplo (MM). 

 

 

Dr. Maiolino relembra o desenho do estudo: pacientes com MM recém-diagnosticado elegíveis para terapia de alta dose e transplante autólogo de células-tronco (autologous stem cell transplant – ASCT) foram randomizados 1:1 para RVd ± DARA, estratificado por estágio ISS e taxa de clearence de creatinina. Eles receberam quatro ciclos de indução, seguidos por transplante (ASCT) e por 2 ciclos de consolidação e manutenção com R ± DARA por 24 meses. O grupo que recebeu Dara-RVd está recebendo DARA e lenalidomida e no grupo que recebeu apenas RVd foi administrado apenas lenalidomida. 

Nessa análise atualizada, comenta o especialista, o desfecho primário foi resposta completa estrita (RCs) e o resultados mostraram uma vantagem para o grupo que recebeu DARA na comparação com o grupo que recebeu apenas RVd. Os desfechos secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de doença residual mínima (DRM) negativa (limiar de 10-5 por critérios IMWG) avaliada por NGS (next generation sequencing). 

A vantagem demonstrada de resposta completa estrita somada à taxa de resposta completa e taxa de sobrevida global refletem uma maior vantagem em relação à obtenção de resposta na taxa de doença residual mínima negativa. O grupo que recebeu DARA já depois dos 4 primeiros ciclos, transplante e 2 ciclos de consolidação está tendo benefício, observado também para o grupo que está recebendo DARA mais lenalidomida na manutenção. 

Portanto, os dados mostraram que, no final da consolidação pós-transplante (acompanhamento médio, 13,5 meses), na população avaliável por resposta, a taxa de RCs favoreceu D-RVd versus RVd (42,4% versus 32,0%). Com terapia de manutenção D-R ou R adicional, as respostas continuaram a aumentar e permaneceram mais altas para o grupo D-RVd versus o RVd. Da mesma forma, as taxas de negatividade de DRM (10-5) favoreceram D-RVd versus RVd na população por intenção de tratar (26,9% versus 12,6%). 

Os dados de sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) ainda não foram avaliados, porém as taxas de SLP e SG estimadas de ambos os braços estão em torno de 95%. 

Com um follow-up mais prolongado, dada a profundidade de resposta avaliada particularmente na DRM, é possível que o DARA-RVd tenha uma vantagem em cima do grupo que recebeu o RVd, opina o médico, uma vez que nenhum novo sinal de segurança foi observado com um acompanhamento mais longo.  

Para o hematologista, existe uma grande expectativa para a inclusão do DARA na primeira linha para pacientes elegíveis ao transplante, porém há necessidade da obtenção de dados mais maduros tanto do estudo GRIFFIN como do estudo PERSEUS. 

Por fim, ele comenta sobre o estudo CASSIOPEIAque já apresenta dados consolidados nesse grupo de pacientes elegíveis ao transplante. O ensaio avalia a combinação de bortezomibe, talidomida e dexametasona (VTd) com e sem daratumubeOs resultados estão sendo atualizados no ASH 2020, mostrando uma maior vantagem em relação à sobrevida livre de progressão para o DARA-VTd. 

 

Referências: 

Voorhees PM, Kaufman JL, Laubach JP, Sborov DW, Reeves B, Rodriguez C, Chari A, Silbermann R, Costa LJ, Anderson LD, Nathwani N. Daratumumablenalidomidebortezomib, & dexamethasone for transplant-eligible newly diagnosed multiple myeloma: GRIFFIN. Blood. 2020 Apr 23. 

Kaufman JL, et al. Daratumumab (DARA) Plus LenalidomideBortezomiband Dexamethasone (RVd) in Patients with Transplant-Eligible Newly Diagnosed Multiple Myeloma (NDMM): Updated Analysis of Griffin after 12 Months of Maintenance Therapy. Abstract 549. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.  

Voorhees PM, Kaufman JL, Laubach, JP, et al. Depth of response to daratumumab (DARA), lenalidomidebortezomiband dexamethasone (RVd) improves over time in patients (ptswith transplant-eligible newly diagnosed multiple myeloma (NDMM): Griffin study update.Blood. 2019;134(suppl 1;abstract 691). doi: 10.1182/blood-2019-123456. 

Attal M, Lauwers-Cances V, Hulin C, et al. Lenalidomidebortezomiband dexamethasone with transplantation for myeloma. N Engl J Med. 2017;376(14):1311-1320. doi: 10.1056/NEJMoa1611750. 

Moreau P, Attal M, Hulin C, et al. Bortezomibthalidomideand dexamethasone with or without daratumumab before and after autologous stem-cell transplantation for newly diagnosed multiple myeloma (CASSIOPEIA): a randomised, open-labelphase 3 study.Lancet. 2019;394(10192):29-38. doi: 10.1016/S0140-6736(19)31240-1. 

Sonneveld, P et al. Bortezomiblenalidomideand dexamethasone (VRd) ± daratumumab (DARA) in patients (ptswith transplant-eligible (TE) newly diagnosed multiple myeloma (NDMM): A multicenterrandomizedphase III study (PERSEUS). Journal of Clinical Oncology , 2019, 37, no. 15_suppl 

 

 

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