Potencialidades da detecção de ctDNA tumoral circulante como preditor da recorrência da doença em pacientes com NSCLC estágio IB–IIIA tratados com osimertinibe adjuvante
O osimertinibe é um inibidor de tirosina quinase do EGFR de terceira geração, ativo no sistema nervoso central, que inibe seletivamente as mutações sensibilizadoras do EGFR-TKI e a resistência EGFR T790M. O osimertinibe adjuvante é recomendado para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) estágio IB–IIIA ressecado com mutações EGFR, com base em melhorias significativas na sobrevida livre de doença (SLD) e na sobrevida global (SG) no estudo de Fase III ADAURA. Uma tendência para uma taxa aumentada de eventos de DFS além de 3 anos sugere que alguns pacientes podem se beneficiar de um tratamento adjuvante com osimertinibe mais longo. Este trabalho investigou se a detecção de DNA tumoral circulante (ctDNA), informado pelo tumor, poderia prever a recorrência da doença.
Pacientes elegíveis pela idade, estado de saúde OMS 0/1 e CPNPC estágios IB, II ou IIIA com mutações EGFR completamente ressecadas foram randomizados 1:1 para receber osimertinibe 80 mg/dia ou placebo até recorrência da doença, conclusão do tratamento (até 3 anos) ou atingimento de critério de descontinuação. Foram utilizadas análises de doença residual molecular com até 50 variantes específicas do tumor, baseados no sequenciamento do exoma do tecido ressecado. Amostras de plasma foram coletadas no início, durante o tratamento (a cada 12 semanas), na descontinuação e após a conclusão do tratamento (semana 12, semana 24 e então a cada 24 semanas até 5 anos). Após, foram analisadas as amostras para detectar ctDNA (DRM+). A DRM e DFS foi definida como o tempo decorrido desde a randomização até a detecção de DRM+ pós-BL.
De 682 pacientes randomizados, 245 (36%) tiveram amostras para painéis de DRM, avaliados em 220 (32%) pacientes em ambos os grupos. No grupo osimertinibe versus placebo, 5 (4%) de 112 versus 13 (12%) de 108 pacientes foram DRM+ na linha de base; durante o tratamento, 4 dos 5 pacientes DRM+ tornaram-se DRM–, enquanto nenhum dos 13 pacientes no grupo placebo mudou de status. A detecção de DRM durante o tratamento mostrou uma sensibilidade clínica de 65% e especificidade de 95%, precedendo um evento de SLD por uma mediana de 4,7 meses em ambos os grupos. O acompanhamento médio foi de 44,2 e 19,1 meses nos grupos osimertinibe e placebo, respectivamente. No geral, 86% versus 36% dos pacientes permaneceram livres de eventos de DRM/SLD em 36 meses nos grupos osimertinibe e placebo, respectivamente. Eventos no grupo osimertinibe foram detectados em 28 (25%) pacientes, dos quais 19 (68%) ocorreram após o tratamento adjuvante, com a maioria (58%) ocorrendo dentro de 12 meses após a conclusão do tratamento.
A detecção de DRM+ antecedeu os eventos de DFS na maioria dos pacientes, com um tempo médio de 4,7 meses em ambos os grupos. A maioria dos pacientes manteve-se DRM– durante o tratamento adjunto, sendo que os eventos de DRM/DFS ocorreram após a conclusão do tratamento. A detecção de DRM pode potencialmente identificar um subconjunto de pacientes que provavelmente se beneficiariam de um tratamento adjunto mais longo com osimertinibe.
Referências:
John T et al. Molecular residual disease (MRD) analysis from the ADAURA trial of adjuvant (adj) osimertinib in patients (pts) with resected EGFR‑mutated (EGFRm) stage IB–IIIA non-small cell lung cancer (NSCLC). J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 16; abstr 8005). ASCO® 2024. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/232351. Acessado em 01/06/2024
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