Dados apontam a eficácia de longo prazo, em termos de sobrevida livre de eventos, sobrevida livre de doença e sobrevida global, do regime de tratamento com pertuzumabe (P) + trastuzumabe (H) + docetaxel (D) vs. H + D – quando administrado antes e após a cirurgia, por um ano, em pacientes com câncer de mama HER2+ precoce ou localmente avançado
Durante o San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS) 2022, Zhi-Ming Shao apresentou a análise final de segurança e eficácia a longo prazo (aos 3 e 5 anos) do estudo de fase III, randomizado e multicêntrico, PEONY. No SABCS foram apresentados os resultados de longo de sobrevida livre de eventos (SLE), sobrevida livre de doença (SLD), sobrevida global (SG), e todos os desfechos secundários.
Apesar da eficácia do bloqueio duplo de ERBB2 com pertuzumabe e trastuzumabe em combinação com quimioterapia no cenário neoadjuvante para câncer de mama inicial, localmente avançado ou inflamatório positivo para HER2+ já ter sido demonstrada no estudo de fase II NeoSphere (NCT00545688), o uso de trastuzumabe para câncer de mama na China permanece baixo, e a proporção de pacientes asiáticos em estudos anteriores com pertuzumabe foi inferior a 25%. Desta forma, o benefício da terapia neoadjuvante dupla direcionada a ERBB2 nesses pacientes ainda não foi totalmente caracterizado. Com esse intuito, o estudo PEONY foi voltado para avaliar a eficácia da terapia combinada de pertuzumabe, trastuzumabe e quimioterapia em pacientes asiáticas com câncer de mama inicial (EBC) ou câncer de mama localmente avançado (LABC) no cenário neoadjuvante.
No estudo NeoSphere, a associação do pertuzumabe (P) + trastuzumabe (H), + docetaxel (D) aumentou significativamente a resposta patológica completa (pCR) versus H+D no cenário neoadjuvante para câncer de mama HER2+ precoce (CMP), com dados de suporte de progressão e sobrevida livre de doença (SLD). Indo de encontro, os primeiros resultados do estudo PEONY apresentaram uma melhora significativa da taxa de resposta patológica completa (pCR) total com P+H+D vs. H+D em uma população asiática, e os dados de segurança estavam alinhados com o já conhecido para estas moléculas.
Participaram do estudo pacientes que tinham CMP HER2+ confirmado centralmente (T2–3, N0–1) ou CMLA (T2–3, N2 ou N3; T4, qualquer N) e foram randomizados 2:1 para quatro ciclos de terapia neoadjuvante cin P+H+D ou placebo (Pla)+H+D a cada 3 semanas. Os pacientes então receberam três ciclos de fluorouracil, epirrubicina e ciclofosfamida, seguidos por 13 ciclos de P+H ou Pla+H no cenário adjuvante por até 1 ano.
O corte de dados foi 14 de março de 2022 e 329 pacientes foram randomizados; sendo 219 pacientes designados para o braço tratado com pertuzumabe; 110 pacientes designados ao braço tratado com placebo. Populações de segurança foram 218 e 110 pacientes, respectivamente. As características basais foram bem equilibradas. A maioria dos pacientes recebeu os ciclos completos direcionados ao HER2. O seguimento mediano foi de 62,9 meses. Os dados de eficácia a longo prazo são apresentados na tabela.
CI: Intervalo de Confiança; DFS: Sobrevida livre de doença; EFS: Sobrevida livre de eventos; HR: razão Hazard; OS: sobrevida global; Pla: Placebo.
Durante todo o período de tratamento, 70,6% dos pacientes no braço P+H+D e 68,2% no braço Pla+H+D apresentaram eventos adversos (EAs) de grau ≥3; o mais comum (em ≥5% dos pacientes em ambos os braços) sendo neutropenia (59,2% vs. 55,5%), leucopenia (34,4% vs. 34,5%) e neutropenia febril (5,0% vs. 3,6%). Dos EAs de qualquer grau mais comuns (em ≥30% dos pacientes em qualquer braço), a diarreia foi mais comum no braço P+H+D (40,8% vs. 17,3% no braço Pla+H+D). EAs graves foram relatados em 17,0% e 13,6% dos pacientes, respectivamente. Nenhum evento cardíaco primário (insuficiência cardíaca [grau III ou IV da New York Heart Association] ou declínio significativo da fração de ejeção do ventrículo esquerdo) ou eventos cardíacos secundários ocorreu durante qualquer período de estudo.
Os autores ressaltam que os desfechos de eficácia de longo prazo (SLE, SLD e OS) apoiaram os resultados do desfecho primário (pCR total) e sugeriram uma melhora clinicamente significativa com P+H vs. Pla+H quando administrado antes e após a cirurgia, por um ano. Os dados de segurança estavam alinhados com o perfil de segurança já conhecidos de pertuzumabe, e foram geralmente comparáveis entre os braços, com exceção da diarreia. Desta forma, os resultados do estudo clínico PEONY se adicionam à totalidade dos dados que mostram o benefício do regime P+H+D em câncer de mama inicial HER2-positivo.
Referências:
1: ABSTRACT PD18-03 – Zhi-Ming Shao et al., Final analysis of the Phase III PEONY trial: long-term efficacy and safety of neoadjuvant–adjuvant pertuzumab or placebo, plus trastuzumab and docetaxel, in patients with HER2-positive early or locally advanced breast cancer, 2022. The San Antonio Breast Cancer Symposium – SABCS 2022.
2: SHAO, Zhimin et al. Efficacy, safety, and tolerability of pertuzumab, trastuzumab, and docetaxel for patients with early or locally advanced ERBB2-positive breast cancer in Asia: the PEONY phase 3 randomized clinical trial. JAMA oncology, v. 6, n. 3, p. e193692-e193692, 2020.
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