A concordância percentual positiva (CPP) da análise genética do tecido tumoral e da biópsia líquida foi de 86% e 88% para os pares coletados em um intervalo < 60 dias, e 70% e 74% para os pares coletados com intervalo > 60 dias
Dr. Alessandro Leal, diretor médico do Centro de Medicina Personalizada do Hospital Israelita Albert Einstein, comenta estudo apresentado durante o ASCO 2020 Virtual Annual Meeting que examinou a validade clínica do CGP (comprehensive genomic profiling) por biópsia líquida comparado ao CGP do tecido tumoral para a detecção de fusões oncogênicas que codificam proteínas quinases. Muitas dessas fusões apresentam terapias-alvo aprovadas por agências reguladoras. No entanto, sabe-se que outras fusões podem emergir como resistência adquirida (RA) durante a terapia-alvo.
O CGP baseado em captura híbrida foi realizado em 28.743 amostras de plasma e 325.131 de tecido tumoral durante o tratamento clínico. Regiões exônicas completas de 13 quinases envolvidas em fusões oncogênicas – incluindo os íntrons selecionados em ALK, EGFR, FGFR2/3, PDGFRA, RET e ROS1 – foram sequenciadas para capturar fusões com pontos de quebra bem caracterizados. A fração de DNA de tumor circulante (ctDNA) foi estimada pela frequência máxima de alelos somáticos (FMAS).
Um total de 86% dos casos apresentou ctDNA detectável no plasma (FMAS > 0). Fusões foram detectadas em 2,1% dos casos de ctDNA (478/23.294) e foram mais prevalentes em pacientes com câncer de bexiga (4,5%), câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) (4,3%) e colangiocarcinoma (3,9%). O rearranjo mais comum encontrado foi em ALK (60%, 162/271) e RET (19%, 51/271) em CPNPC, FGFR2 (85%, 11/13) em colangiocarcinoma e FGFR3 (88%, 7/8) no câncer de bexiga. De todas as fusões em ALK detectadas, 26% (54/207) ocorreram em tumores não-CPNPC.
Amostras de tecidos e de ctDNA pareadas, em que ≥1 amostra abrigava uma fusão quinase, estavam disponíveis para 147 pacientes. A concordância percentual positiva (CPP) para biópsias de tecidos e líquidas foi de 76% e 80%. A mediana da FMAS nas amostras concordantes e discordantes de ctDNA foi de 2,3% e 0,41% (p = 0,04) e o tempo médio entre a coleta de amostras para pares concordantes e discordantes foi de 110 e 344 dias (p = 0,04). A CPP para tecido e biópsia líquida foi de 86% e 88% para os pares coletados em um intervalo < 60 dias (n = 53) versus 70% e 74% para os pares coletados com intervalo > 60 dias. Seis pacientes com amostras pareadas (todas coletadas > 196 dias de intervalo (mediana de 593 dias)) tinham amostras iniciais de tecido com mutações driver em EGFR e possuíam fusão adquirida (4 ALK, 1 FGFR2, 1 FGFR3) na 2ª amostra de ctDNA, provavelmente representando RA.
O estudo concluiu que:
• as fusões identificadas pelo CGP de tecido foram detectadas pelo CGP de biópsia líquida em 85% das amostras de plasma com correspondência temporal;
• a detecção dessas fusões por CGP de biópsia líquida é viável e apresentou alta CPP para CGP baseada em tecidos;
• a amostragem subsequente por biópsia líquida identificou fusões adquiridas em casos que apresentavam mutações driver em EGFR, consistentes com mecanismos de resistência aos inibidores de EGFR já conhecidos, sugerindo utilidade da biópsia líquida em progressão de doença para identificar mecanismos alvo para RA.
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J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 3517). DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.3517
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