Análises pós-operatórias de DNA tumoral circulante detectam pacientes com o câncer colorretal de alto risco de recorrência com especificidade próxima a 100% - Oncologia Brasil

Análises pós-operatórias de DNA tumoral circulante detectam pacientes com o câncer colorretal de alto risco de recorrência com especificidade próxima a 100%

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DNA tumoral circulante foi utilizado para detectar doença residual mínima, resposta à terapia adjuvante e identificar pacientes com alto risco de recorrência

Dr. Alessandro Leal, diretor médico do Centro de Medicina Personalizada do Hospital Israelita Albert Einstein, comenta estudo apresentado no ASCO 2020 Virtual Annual Meeting que avaliou a detecção e o monitoramento longitudinal do DNA tumoral circulante (ctDNA) em pacientes com câncer colorretal (CCR) no pré e pós-operatório, durante e após quimioterapia adjuvante (QTa).

A utilidade clínica de rastrear o ctDNA como um biomarcador não invasivo para detectar a doença residual mínima (DRM) e estratificar pacientes com base no risco de desenvolver recidivas foi bem estabelecida no câncer colorretal (CCR).

Multicêntrico e de coorte prospectiva, este estudo recrutou 193 pacientes diagnosticados com CCR em estadios I-III ressecado. Amostras de plasma (n=1052) foram coletadas em vários momentos, com um acompanhamento médio de 21,6 meses (4,6-38,5 meses). Tumores com seus respectivos DNAs de linhagem germinativa foram sequenciados por whole-exome sequencing e as mutações somáticas foram identificadas. Ensaios de PCR multiplex foram projetados para 16 variantes de nucleotídeo específico de um tumor para rastrear ctDNA em amostras de plasma. O estudo avaliou a relação entre o status do ctDNA e os resultados clínicos, incluindo imagens radiológicas. A análise de regressão de Cox foi usada para calcular a sobrevida livre de recorrência (SLR) em pacientes estratificados pelo status de ctDNA no pós-operatório e no pós-QTa. A análise multivariável foi realizada com todas as variáveis clínicas. O melhor modelo foi selecionado de acordo com o Critério de Informação de Akaike.

O ctDNA no pré-operatório foi detectado em 90% (n = 166/185) dos pacientes. O status de ctDNA pós-operatório antes da QTa foi avaliado em 152 pacientes, dos quais 9,2% (14/152) foram positivos para DRM e 78,5% destes (11/14) apresentaram recidiva. Por outro lado, 10,1% (14/138) dos casos negativos para DRM recidivaram (HR: 16,53; IC95%: 7,19-38,02; p<0,001). O status positivo do ctDNA longitudinal pós QTa (n = 84) e pós terapia definitiva (n = 139) foi associado a um HR = 27,92 (IC 95%: 9,16-85,11; p <0,001) e HR = 47,52 (IC 95%: 17,34-130,3; p<0,001), respectivamente. Na análise multivariada, o status longitudinal do ctDNA foi o único fator prognóstico significativo associado à SLR (HR: 53,19, IC 95%: 18,87-149,90; p<0,001). A análise seriada de ctDNA detectou DRM até uma mediana de 9,08 meses (0,56 – 16,5 meses) antes da recidiva radiológica com sensibilidade de 79,1% e especificidade de 99%.

A conclusão deste estudo demonstrou que as análises pós-operatórias de ctDNA detectam pacientes com alto risco de recorrência, com especificidade próxima de 100%. A detecção precoce de DRM e o monitoramento longitudinal do ctDNA podem orientar as decisões de tratamento. Ensaios de intervenção para avaliar o benefício clínico do uso do ctDNA estão em andamento.

Referência:
J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 4009). DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.4009
https://meetinglibrary.asco.org/record/185529/abstract

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