Dr. Luiz Henrique Araújo, oncologista e pesquisador do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e das Clínicas Oncológicas Integradas (Grupo COI), no Rio de Janeiro, e Dra. Samira Mascarenhas, oncologista clínica da Oncologia D’Or e membro do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) destacaram e discutiram dois trabalhos do ASCO 2020 Virtual Annual Meeting sobre a terapia-alvo adjuvante em câncer de pulmão não-pequenas células.
ADAURA
Segundo os médicos, este é sem dúvida o estudo mais importante para o tratamento adjuvante do câncer de pulmão que pode trazer mudanças na prática clínica. Trata-se de um estudo randomizado de fase 3, duplo-cego, que avaliou a eficácia e a segurança do osimertinibe versus placebo (PBO) em pacientes com CPNPC estadios IB a IIIA com mutação em EGFR (EGFRm, ex19del/L858R) após a ressecção completa do tumor e quimioterapia adjuvante, quando indicada. Os pacientes foram randomizados 1:1 para osimertinibe 80 mg/dia ou PBO, por até 3 anos.
O estudo foi positivo para o seu desfecho primário, sobrevida livre de doença (SLD) nos estadios II/IIIA, com o hazard ratio (HR) de 0,17 (IC95% 0,12, 0,23), p <0,0001 (156/470 eventos). A taxa de SLD em 2 anos foi de 90% com osimertinibe versus 44% com PBO. Na população geral, o HR de SLD foi de 0,21 (0,16, 0,28); p <0,0001 (196/682 eventos). A taxa de SLD em 2 anos foi de 89% com osimertinibe versus 53% com PBO.
Dados de SG foram imaturos (maturidade de 4%) com 29/682 mortes (osimertinibe n = 9, PBO n = 20) na data da análise. O perfil de segurança foi consistente com o já conhecido do osimertinibe.
O osimertinibe adjuvante é a primeira droga-alvo em um estudo global a mostrar um aumento estatisticamente e clinicamente significativo na SLD em pacientes com CPNPC nos estadios IB/II/IIIA EGFRm após ressecção completa do tumor e quimioterapia adjuvante, quando indicado.
ADJUVANT-CTONG1104
Este estudo randomizado de fase 3 mostrou anteriormente que o tratamento adjuvante com gefitinibe (G, n = 111, dose: 250 mg/dia por 24 meses) melhorou significativamente a SLD versus quimioterapia padrão (Q, n = 111, dose: vinorelbina 25 mg/m² d1 e d8 mais cisplatina 75 mg/m² d1 a cada 3 semanas por 4 ciclos) em pacientes com CPNPC estágio II-IIIA (N1-N2) EGFRm.
De acordo com os resultados finais apresentados, a SG mediana foi de 75,5 meses, com base em 95 (42,8%) eventos em toda a população ITT. Não houve diferença de SG entre os braços: 75,5 meses no braço G e 79,2 meses no braço Q (HR 0,96, IC 95% 0,64-1,43, p = 0,823). O tratamento subsequente, especialmente a terapia-alvo, contribuiu mais para a SG (HR = 0,46, IC 95% 0,26 – 0,83). A SG mediana dos pacientes que receberam terapia-alvo subsequente foi de 75,5 meses (n = 35), 36,4 meses em outro tratamento (n = 33; P<0,001). Para G, a SG foi de 75,5 meses (n = 15; terapia alvo) e 35,0 meses (n = 18; outro, p <0,001), para C foi de 62,8 meses (n = 20) e 46,8 meses (n = 15; p = 0,251).
A taxa de resposta foi de 26,7%, taxa de controle de doença de 66,7%, SLP de 14,1 meses e SG de 19,6 meses para pacientes em reexposição a inibidor de tirosina quinase anti-EGFR no braço G (n = 15). Não foi observado nenhum evento adverso novo e inesperado durante o acompanhamento.
O ganho em SLD não se traduziu em diferença de SG no estudo ADJUVANT. A SG de 75,5 meses foi a melhor de sobrevivência em CPNPC N1N2 completamente ressecado, em comparação com dados históricos e o tratamento sequencial de TKI contribui para a SG.
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Referências:
J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr LBA5). DOI:10.1200/JCO.2020.38.18_suppl.LBA5
https://meetinglibrary.asco.org/record/191929/abstract
J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 9005). DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.9005
https://meetinglibrary.asco.org/record/184548/abstract
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