ASCO 2020: Highlights sobre imunoterapia em CPNPC avançado - Oncologia Brasil

ASCO 2020: Highlights sobre imunoterapia em CPNPC avançado

4 min. de leitura

Dra. Ana Gelatti, oncologista clínica e membro do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e Dra. Clarissa Mathias, oncologista clínica e diretora do GBOT destacaram três estudos sobre o uso de imunoterapia de 1ª linha em câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC), apresentados durante o ASCO 2020 Virtual Annual Meeting.

CheckMate 227
Dados de acompanhamento mínimo de três anos foram apresentados. Pacientes com CPCNP avançado ou recorrente e com expressão de PD-L1 ≥ 1% (n = 1189) foram randomizados 1:1:1 para nivolumabe (NIVO, 3 mg/kg/2 semanas) + ipilimumabe (IPI 1 mg/kg/6 semanas), nivolumabe (240 mg/2semanas) sozinho ou quimioterapia. Pacientes com PD-L1 <1% (n = 550) foram randomizados para NIVO + IPI, NIVO (360 mg/3 semanas) + quimioterapia ou quimioterapia.

O endpoint primário foi sobrevida global (SG) com NIVO + IPI versus quimioterapia em pacientes com PD-L1 ≥ 1%. Foi realizada uma análise exploratória da sobrevida global em pacientes pelo status da resposta (resposta completa/resposta parcial, doença estável, doença progressiva) aos 6 meses.

Os pacientes com PD-L1 ≥ 1% continuaram a obter benefício de SG do NIVO + IPI versus quimioterapia (HR: 0,79; IC95% 0,67-0,93), com taxa de SG em 3 anos de 33% (NIVO + IPI), 29% (NIVO) e 22% (quimioterapia). Aos 3 anos, 18% dos pacientes com PD-L1 ≥ 1% tratados com NIVO + IPI permaneceram livres de progressão versus 12% com NIVO e 4% com quimioterapia; 38% dos respondedores confirmados permaneceram em resposta no braço NIVO + IPI aos 3 anos versus 32% no braço NIVO versus 4% no braço quimioterapia.

Em pacientes com PD-L1 <1%, o hazard ratio (HR) da SG para NIVO + IPI versus quimioterapia foi de 0,64 (IC 95%, 0,51-0,81). As taxas de SG de 3 anos foram 34% (NIVO + IPI), 20% (NIVO + quimioterapia) e 15% (quimioterapia); 13%, 8% e 2% dos pacientes permaneceram livres de progressão; e 34%, 15% e 0% dos respondedores confirmados permaneceram em resposta, respectivamente.
Eventos adversos (EAs) relacionados com o tratamento de qualquer grau / grau 3-4 foram observados em 77% / 33% de todos os pacientes tratados com NIVO + IPI e 82% / 36% com quimioterapia.

Os autores concluem que NIVO + IPI continuou a fornecer benefícios duradouros e de longo prazo de SG versus quimioterapia para pacientes em 1ª linha com CPNPC avançado no seguimento mínimo de 3 anos.

CheckMate 9LA
Este estudo randomizado de fase 3 avaliou a superioridade da combinação de nivolumabe + ipilimumabe + 2 ciclos de quimioterapia (n = 361) versus quimioterapia (4 ciclos) isoladamente (n = 358) como 1ª linha de tratamento a pacientes CPNPC metastático, negativos para mutação em EGFR ou alterações em ALK.

O desfecho primário foi sobrevida global (SG) e os secundários foram sobrevida livre de progressão (SLP), e taxa de resposta objetiva (TR) e eficácia pelos subgrupos de PD-L1.

Em uma análise interina pré-planejada (acompanhamento mínimo de 8,1 meses), a SG foi superior com NIVO + IPI + quimioterapia versus quimioterapia (HR 0,69, IC 96,71%: 0,55-0,87; P = 0,0006). Com acompanhamento mais longo (mínimo de 12,7 meses), NIVO + IPI + quimioterapia versus quimioterapia continuou a apresentar maior SG, com medianas de 15,6 versus 10,9 meses (HR 0,66, IC 95%: 0,55-0,80). As taxas de SG de 1 ano foram 63% versus 47%. O benefício clínico foi consistente em todas as medidas de eficácia nos principais subgrupos, incluindo PD-L1 e histologia.

Eventos adversos relacionados ao tratamento graus 3/4 foram relatados em 47% versus 38% dos pacientes nos braços NIVO + IPI + quimioterapia versus quimioterapia, respectivamente.

O CheckMate 9LA apresentou ganho de SG com a otimização de imunoterapia no CPNPCm juntamente a um curso limitado de quimioterapia versus quimioterapia (4 ciclos) em 1ª linha de tratamento.

CCTG BR.34
Trata-se de um estudo internacional, aberto, randomizado que comparou a sobrevida global (SG) em pacientes com CPCNP avançado que receberam durvalumabe mais tremelimumabe (DT) em primeira linha com ou sem quimioterapia com doublet de platina (CT).

Foram recrutados 301 pacientes com CPNPC estadio IV, EGFR e ALK selvagens, para receberem DT por 4 ciclos ou DT + quimioterapia (pemetrexede ou gemcitabina-platina), com manutenção contínua de D ou D + pemetrexede (histologia não escamosa) até a progressão de doença.

Desfecho primário foi SG e os secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta (TR) e os eventos adversos (EAs).

Em um acompanhamento médio de 16,6 meses, não houve diferença significativa na SG entre os dois grupos de tratamento (16,6 meses com DT + CT versus 14,1 meses com DT; HR estimado 0.88, IC 90% 0,67- 1,16). Houve ganho de SLP no braço DT + CT (HR estratificado 0,67; IC 95% 0,52-0,88; medianas 7,7 versus 3,2 meses). TR foi maior no braço DT + CT, 28% versus 14%, (odds ratio 2.1, p = 0.001). A análise de subgrupo pré-planejado não demonstrou diferenças significativas nos resultados do tratamento por carga mutacional tumoral plasmática (TMB, do inglês tumor mutational burden) (<20 versus ≥20 mut/Mb, Guardant OMNI), idade, sexo ou tabagismo. Houve uma tendência à melhora da SG com DT + CT no subgrupo com PD-L1 TPS≥50% (HR 0,64, IC 95% 0,40-1,04, p = 0,07). O TMB plasmático <20 mut/Mb foi associado a menor sobrevida nos dois grupos de tratamento (HR 1,99, 95% 1,3-3,1).

A toxicidade foi maior no braço DT + CT, com eventos adversos grau 3 em 82% vs. 70% (p = 0,02), mais comumente dispneia, náusea e tosse. A incidência de eventos adversos imunológicos foi semelhante entre os braços (colite 11%, pneumonite 6%, endocrinopatia 21%). Eventos de grau 5 ocorreram em 2,7% (5 com DT + CT, 3 com DT).

Os autores concluem que a adição de CT ao TD em primeira linha não melhorou a SG no CPNPC avançado. CT + DT melhorou a TR e a SLP, e foi associado a uma maior toxicidade.

Se preferir ouça nosso Podcast:

Referências:
J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 9500). DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.9500
https://meetinglibrary.asco.org/record/184651/abstract

J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 9501). DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.9501
https://meetinglibrary.asco.org/record/184688/abstract

J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 9502). DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.9502
https://meetinglibrary.asco.org/record/184808/abstract

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