ASH 2021: Highlights no tratamento da LMA - Oncologia Brasil

ASH 2021: Highlights no tratamento da LMA

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Neste deoDr. Eduardo RegoMédico Hematologista e Professor Titular da Faculdade de Medicina da USP, e Dr. Fabio Pires, Médico Hematologista no Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulodiscutem neste vídeo sobre os principais destaques de leucemia mieloide aguda apresentados no ASH 2021

Nesta interessante conversa, os especialistas discutem sobre diversos temas que foram destaque no congresso da ASH 2021, dentro do tema de leucemia mieloide aguda (LMA). O primeiro destaque é sobre um estudo que fez uma análise de banco de dados de pacientes e buscaram através de inteligência artificial quais grupos de pacientes tinham perfil genético/molecular que tinham prognostico bom e que talvez não precisasse realizar transplante de medula óssea. Este trabalho utilizou machine learning para estratificar prognósticamente o risco de pacientes com LMA e explorar se os grupos prognósticos se beneficiam do aloHCT na primeira remissão completa (CR1) com base na estratificação pré-tratamento. Para isso, 1961 pacientes foram identificados através do German Agute Myeloid Leukemia Study Group (AMLSG, n = 1315) e National Taiwan University Hospital (NTUH, n = 646) que tinham informações citogenéticas e genômicas suficientes disponíveis, incluindo as anormalidades citogenéticas e genômicas ELN 2017, spliceossomo, complexo de coesinas e as quinze alterações genômicas mais comuns do conjunto de dados Cancer Genome Atlas. 

Uma outra questão importante que foi abordada foi a tentativa de remoção do antracíclico na indução do esquema de tratamento de pacientes idosos com LMA, e substituir pelo uso do conjugado de droga de anticorpo anti-CD33, gemtuzumabe ozogamicina (GO). Entretanto, o uso de primeira linha de GO em vez de idarrubicina, quando combinado com citarabina, não beneficiou pacientes mais velhos com LMA de risco padrão. No esquema de dosagem reduzido usado neste estudo, GO permanece associado a toxicidades significativas, enquanto a incidência de recaída não significativa, sobrevida livre de eventos e sobrevida global mais curtos foram observados. 

Quanto às abordagens de transplante, foi comentado um trabalho que analisou, através da técnica de NGS, mutações preditivas de doença residual mínima (DRM), em pacientes submetidos ao transplante de células hematopoiéticas alogênicas. Em resumo, a recidiva hematológica pode ser detectada no sangue periférico em 29, 44 e 66% dos pacientes em 3, 2 e 1 meses antes da recidiva por análise NGS-DRM, respectivamente. Mutações em genes modificadores epigenéticos mostram uma fração maior de positividade para DRM antes da recidiva do que outras mutações. Em contraste, as mutações em genes de sinalização mostram um tempo de execução mais curto para a recaída. 

Os especialistas também discutem sobre as combinações de drogas já aprovadas, as drogas hipometilantes em combinação com venetoclax são o tratamento padrão-ouro para o paciente não elegível, e novas combinações sempre são alvos de estudos. Como exemplo, o magrolimabe, um anticorpo anti-CD47. CD47 é uma molécula que funciona como um sinal de “não me coma” para o macrófago, nas células cancerosas. O estudo de fase 2, apresentado no ASH, demonstrou que a combinação de magrolimabe com ventoclax e azacitidina é segura, e boas taxas de resposta e de sobrevida, principalmente nos pacientes com TP53 mutado, entretanto, é algo que também precisa ser confirmado em estudos de fase 3. Nesta mesma linha, um outro exemplo é o estudo de fase 2 que investiga a combinação de venetoclax com cladribina com AraC em baixas doses, alternando com 5-azacitidina em pacientes mais velhos (idade ≥ 60 anos) ou unfit com LMA recém-diagnosticada. Este regime foi bem tolerado pelos pacientes, e produziu altas taxas de resposta, com uma DRM negativa durável.  

Os especialistas promovem uma rica discussão, trazendo detalhes dos dados de diversos estudos. Vale a pena ouvir e conferir o conteúdo completo! 

Referências: 

225 – Shaun Fleming, MBBS et al., Machine Learning of Genomic Factors in 1,961 Patients with Acute Myeloid Leukemia Identifies Patients with Very Good or Very Poor Prognosis Who Do Not Benefit from Allogeneic Hematopoietic Cell Transplant in First Remission. Presented at ASH annual meeting. 

31 – Juliette Lambert et al., Replacing the Anthracycline By Gemtuzumab Ozogamicin in Older Patients with De Novo Standard-Risk Acute Myeloid Leukemia Treated Intensively – Results of the Randomized ALFA1401-Mylofrance 4 Study. Presented at ASH annual meeting. 

611 – Clara Wienecke et al., Clonal Relapse Dynamics in Acute Myeloid Leukemia Following Allogeneic Hematopoietic Cell Transplantation. Presented at ASH annual meeting. 

371 – Naval Daver, MD et al., Phase I/II Study of Azacitidine (AZA) with Venetoclax (VEN) and Magrolimab (Magro) in Patients (pts) with Newly Diagnosed Older/Unfit or High-Risk Acute Myeloid Leukemia (AML) and Relapsed/Refractory (R/R) AML. Presented at ASH annual meeting. 

367 – Patrick K Reville, MD, MPH et al., Phase II Study of Venetoclax Added to Cladribine (CLAD) and Low Dose AraC (LDAC) Alternating with 5-Azacytidine (AZA) in Older and Unfit Patients with Newly Diagnosed Acute Myeloid Leukemia (AML). Presented at ASH annual meeting.