O presente estudo avaliou a segurança e eficácia da combinação de atezolizumabe com quimioterapia como tratamento neoadjuvante para adenocarcinoma da junção gastroesofágica não metastático ressecável. O estudo também investigou biomarcadores potenciais de resposta ao tratamento e explorou a associação entre resposta patológica e sobrevida, destacando a viabilidade do tratamento combinado e a importância de investigações adicionais para otimizar a eficácia do tratamento em pacientes com câncer gástrico e esofágico avançado. x)
Os cânceres do estômago e da junção gastroesofágica (G/GEJ) representam importante causa de mortalidade, com prognóstico muitas vezes desfavorável, apesar das terapias disponíveis. No presente estudo, a quimioterapia FLOT (combinação de docetaxel, oxaliplatina, leucovorina e fluorouracil) demonstrou melhorias significativas na sobrevida em comparação com o tratamento padrão para adenocarcinoma G/GEJ. Enquanto a expressão de PD-L1 tem sido investigada como um biomarcador prognóstico e preditivo, o estudo PANDA buscou avaliar a segurança e eficácia do atezolizumabe combinado com quimioterapia em pacientes com adenocarcinoma G/GEJ não metastático ressecável. Os objetivos principais incluíram a análise da segurança e viabilidade, com avaliações secundárias abrangendo eficácia, alterações no microambiente tumoral e desfechos clínicos. Essas investigações ressaltam o potencial da terapia combinada para melhorar os resultados no tratamento do câncer G/GEJ.
O estudo analisou os resultados da quimioterapia FLOT em pacientes com câncer gástrico e esofágico avançado. Foram recrutados 21 pacientes, com a maioria sendo do sexo masculino e apresentando tumores em estágios avançados. A idade média dos pacientes foi de 62 anos. A segurança do tratamento foi um objetivo primário, e o estudo alcançou sucesso nesse aspecto, com eventos adversos imunorrelacionados ocorrendo em 55% dos pacientes, a maioria de grau 1 ou 2. A quimioterapia foi bem tolerada, embora atrasos e reduções de dose tenham sido necessários em alguns casos. Quatorze dos 20 pacientes submetidos à cirurgia apresentaram resposta patológica completa ou quase completa ao tratamento, com 70% de taxa de resposta patológica global. Isso incluiu pacientes com tumores HER2+ e deficiência de reparo de incompatibilidade” (em inglês, Mismatch Repair Deficiency – dMMR). Os resultados patológicos mostraram uma forte correlação com desfechos clínicos, com uma sobrevida livre de doença significativamente maior para os respondedores em comparação com os não respondedores. A detecção de DNA tumoral circulante foi associada à resposta patológica e à sobrevida livre de doença.
Ademais, os resultados exploratórios identificaram biomarcadores potenciais de resposta ao tratamento, incluindo a expressão de PD-1 em linfócitos infiltrantes de tumor, expressão basal elevada de TCF1 em respondedores, e uma assinatura de neutrófilos e mastócitos associada à não resposta. A monoterapia com atezolizumabe levou a uma ativação imunológica no microambiente tumoral, indicada pelo aumento de células T CD8+ e expressão de granzima B. No entanto, a adição subsequente de quimioterapia não resultou em um aumento adicional substancial na resposta imune nos respondedores. Esses achados destacam a complexidade da resposta ao tratamento e a importância de investigações adicionais para otimizar a eficácia do tratamento em pacientes com câncer gástrico e esofágico avançado.
Resumidamente, o presente estudo demonstra que a combinação de atezolizumabe neoadjuvante com quimioterapia é segura e eficaz no tratamento do G/GEJ, resultando em uma taxa de resposta patológica de 70% e uma taxa de resposta completa patológica de 45%. A resposta patológica está associada a uma excelente sobrevida, com baixo risco de recorrência da doença. Embora estudos anteriores tenham indicado uma associação entre resposta à quimioterapia neoadjuvante e resultados, este estudo sugere que a associação pode ser mais forte com imunoterapia neoadjuvante. No entanto, são necessárias validações em coortes maiores, apesar das limitações do estudo. Os resultados também destacam o potencial do uso de biomarcadores, como o ctDNA, na previsão de resposta e risco de recorrência. A segurança e viabilidade do tratamento neoadjuvante total são ressaltadas, com taxas de eventos adversos comparáveis a estudos anteriores. Embora o estudo apresente limitações, como o tamanho da amostra e o desenho de braço único, os resultados sugerem a necessidade de estudos controlados randomizados para conclusões definitivas e exploram a possibilidade de otimização do tratamento combinado.
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Redatora: Bruna Marchetti
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