Neste estudo, os autores apresentam resultados do estudo AGO-OVAR 2.29/ENGOT-ov34, sobre atezolizumabe em combinação com bevacizumabe associado a quimioterapia sem base de platina para o tratamento de pacientes com câncer de ovário em recidiva que não são candidatas à platina
Paclitaxel ou a doxorrubicina lipossomal peguilada em combinação com bevacizumabe são as opções de tratamento padrão para pacientes com câncer de ovário em recidiva que não são candidatas à platina. No entanto, as respostas geralmente são de curta duração. No presente estudo, os autores relataram que recentemente, dois ensaios apresentaram uma vantagem numérica, mas não significativa, na adição de atezolizumabe à quimioterapia mais bevacizumabe, em um cenário recorrente. O presente estudo, o AGO-OVAR 2.29, se trata de um estudo randomizado, duplo-cego, de fase III que investigou a eficácia do atezolizumabe em combinação com bevacizumabe associado a quimioterapia sem base de platina.
Em termos gerais, o AGO-OVAR 2.29 buscou avaliar a eficácia e segurança de atezolizumabe em combinação com bevacizumabe e quimioterapia em pacientes com câncer de ovário recorrente. Foram considerados como elegíveis, pacientes que tiveram uma 1ª/2ª recidiva dentro de 6 meses após completarem a quimioterapia à base de platina ou uma 3ª recidiva, independentemente do intervalo sem tratamento. Uma nova biópsia para teste central de PD-L1 (ensaio VENTANA SP142) antes da randomização foi obrigatória. Todos os pacientes receberam paclitaxel ou doxorrubicina lipossomal peguilada semanalmente e bevacizumabe até a progressão da doença ou toxicidade intolerável e foram randomizados 1:1 para atezolizumabe (840 mg) a cada 14 dias ou placebo até a progressão ou por uma duração máxima de 24 meses. Número de linhas anteriores, quimioterapia planejada, bevacizumabe anterior e status de PD-L1 serviram como fatores de estratificação. A sobrevida global e a sobrevida livre de progressão (PFS) na população com intenção de tratar (ITT) foram os desfechos primários, ambos a serem analisados após a observação de 391 mortes. O corte de dados ocorreu em 26/01/2024. A análise de sobrevida global e PFS foi baseado numa regressão múltipla de Cox com braço de tratamento e fatores de estratificação como covariáveis. A segurança é relatada para pacientes que receberam pelo menos uma dose do tratamento do estudo.
Assim, 574 pacientes foram aleatoriamente designados para receber atezolizumabe (285) ou placebo (289). 45,1% receberam doxorrubicina lipossomal peguilada e 53,7% paclitaxel. 7 pacientes não iniciaram o tratamento do estudo. 36,1% dos pacientes receberam 3 linhas anteriores e 72,5% bevacizumabe anterior. 25,8% foram positivos para PD-L1. No corte de dados, 418 e 505 eventos de sobrevida global e PFS ocorreram, respectivamente. A sobrevida global mediana foi de 14,3 meses no grupo atezolizumabe e 13,0 meses no braço placebo (HR 0,83, IC 95% 0,68-1,01; p= 0,06) e PFS 6,3 meses para atezolizumabe vs. 6,6 meses para o braço placebo (HR 0,88, 95 % IC 0,73-1,05;). HR semelhante foi observada em pacientes positivos e negativos para PD-L1. No total, foram notificados 580 eventos adversos graves e 141 eventos adversos de interesse especial. Ademais, eventos adversos de grau ≥ 3 foram relatados em 71,5% no braço atezolizumabe e 68,9% no braço placebo. 63,7% dos pacientes no braço atezolizumabe e 51,4% no braço placebo sofreram eventos adversos graves.
Em conclusão, o presente estudo demonstrou que a segurança estava dentro da faixa esperada, mas que a adição de atezolizumabe à quimioterapia mais bevacizumabe não melhorou significativamente a sobrevida global ou a PFS nos pacientes com câncer de ovário recorrente que não são candidatas à platina.
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