Atualizações sobre a sobrevida, eficácia e segurança do uso de Atezolizumabe adjuvante após Atezolizumabe neoadjuvante em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas - Oncologia Brasil

Atualizações sobre a sobrevida, eficácia e segurança do uso de Atezolizumabe adjuvante após Atezolizumabe neoadjuvante em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas

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Novos resultados do estudo de fase II LCMC3 com pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas ressecável que receberam atezolizumabe como tratamento adjuvante melhoraram a sobrevida livre de doença e mostraram uma tendência para melhorar a sobrevida global quando comparados aos pacientes que não receberam tratamento adjuvante. O uso de atezolizumabe adjuvante foi bem tolerado, sem novas preocupações de segurança

 

O tratamento padrão com quimioterapia adjuvante para câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) ressecável apesar de ser uma estratégia utilizada há 20 anos, não promoveu uma melhora significativa na sobrevida dos pacientes. Os inibidores de PD-1 ou PD-L1 são aprovados para o tratamento de câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) em estágio avançado e CPNPC ressecado em estágio II–III, expressando PD-L1, entretanto as taxas de resposta patológica nesses estudos têm amplos intervalos de confiança (ICs) e os biomarcadores preditivos de resposta permanecem obscuros.

O estudo de fase II Lung Cancer Mutation Consortium 3 (LCMC3) aberto e de braço único foi objetivado para avaliar a eficácia do atezolizumabe neoadjuvante, um inibidor de PD-L1, em uma grande população de pacientes virgens de tratamento com CPNPC estágio IB–IIIB ressecável. Estudos correlativos prospectivos foram realizados para elucidar preditores potenciais de resposta e resistência ao tratamento. Os primeiros resultados do LCM3 publicados em 2022 mostraram que a o tratamento neoadjuvante com agente único atezolizumabe rendeu uma taxa de resposta patológica principal (MPR) de 20% em pacientes com CPNPC estágio IB-III, sem novos sinais de segurança e encorajando a sobrevida. Os pontos finais exploratórios de sobrevida mediana livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG) não foram alcançados na data de publicação. O SLD e SG de 3 anos foram de 72% (IC 95% 62-79%) e 80% (IC 95% 71-87%), respectivamente. Esses primeiros resultados confirmaram que a monoterapia anti-PD-L1 é eficaz em um subconjunto de pacientes e começa a atender a duas grandes necessidades não atendidas: entender quais biomarcadores são preditivos da resposta à imunoterapia e identificar pacientes que podem não precisar de quimioterapia.

Durante o European Lung Cancer Congress 2023, Dr. Carbone apresentou atualizações sobre a sobrevida livre de doença, sobrevida global e segurança em pacientes que receberam atezolizumabe (atezo) adjuvante (adj) juntamente como o tratamento neoadjuvante (neoadj) versus pacientes que não receberam tratamento adjuvante. Nesta análise, os pacientes elegíveis com idade ≥18 anos tinham CPNPC estágio ressecável IB-IIIA ou IIIB selecionados e ECOG PS 0-1. Os pacientes receberam atezo neoadj 1200 mg IV por ≤2 ciclos (dias 1 e 22) seguidos de cirurgia (dia 40 ± 10). Aos pacientes sem progressão foi oferecida a opção de receber atezo adj a cada 3 semanas por ≤12 meses. O endpoint primário foi a taxa de MPR (≤10% de células tumorais viáveis na cirurgia) em pacientes sem mutações EGFR/ALK. Os endpoints exploratórios incluíam SLD e SG. A segurança foi avaliada durante a fase de ajuste.

Os resultados obtidos até a data de corte de dados (21 de outubro de 2022) foi que a população de eficácia primária (PEP) foi de 137 pacientes sem alterações EGFR/ALK que tiveram cirurgia e avaliação MPR. A taxa atualizada de SLD e SG de 3 anos para todo o grupo foi de 72% e 82%; para o estágio I/II foi de 75% e 82% e para estágio III foi de 68% e 81%, respectivamente. No PEP, 53 pts (39%) receberam atezo adj e 84 (61%) não. Embora não randomizados, esses grupos foram clinicamente bem equilibrados. A taxa de SLD de 3 anos foi de 83% com atezo adj versus 64% sem atezo adj (HR 0,43; IC 95% 0,21 – 0,90; P = 0,025). Em pacientes sem MPR (n = 108), a SLD de 3 anos para atezo adj vs sem atezo adj foi de 80% vs 62% (HR 0,48; IC 95% 0,20 – 1,12; P = 0,088) e SG de 3 anos foi 87 % vs 75% (HR 0,49; IC 95% 0,17 – 1,46; P = 0,202). Na população de segurança atezo adj (n = 57), houve 11 eventos adversos relacionados ao tratamento (19%; Grau 3/4, 16%) levando à descontinuação do tratamento.

Mediante a estes resultados, os autores concluíram que esta análise exploratória revelou que os pacientes do LCMC3 com CPCNP ressecável que receberam atezolizumabe como tratamento adjuvante melhoraram a sobrevida livre de doença e mostraram uma tendência para melhorar a sobrevida global quando comparados aos pacientes que não receberam tratamento adjuvante. Além disso, o subgrupo não-MPR teve a mesma tendência de melhorar a sobrevida livre de doença e sobrevida global com o tratamento adjuvante. O uso de atezolizumabe adjuvante foi bem tolerado, sem novas preocupações de segurança. Esses dados sugerem que adicionar terapia adjuvante a neoadjuvante pode resultar em melhores resultados.

 

Referência:

1 – CARBONE, D. et al., Updated survival, efficacy and safety of adjuvant (adj) atezolizumab (atezo) after neoadjuvant (neoadj) atezo in the phase II LCMC3 study. Mini Oral Session 145MO, European Lung Cancer Congress, 2023.