O estudo APPLE avaliou a eficácia do tratamento com osimertinibe em primeira linha na progressão cerebral em pacientes com CPNPC com mutações em EGFR, além da sobrevida livre de progressão e global
O câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) é uma doença de caráter agressiva e com alta incidência de metástase no sistema nervoso central (SNC), principalmente em pacientes com EGFR mutados. A administração do osimertinibe (inibidor de EGFR) vem ganhando destaque no tratamento de pacientes com CPNPC com metástases em SNC, seja na primeira linha de tratamento ou conjunto com outros fármacos.
O estudo APPLE é um estudo de fase 2 não comparativo, de 3 braços de tratamento que explora o tratamento sequencial do gefitinibe seguido por osimertinibe ou apenas o tratamento com osimertinibe em pacientes com CPNPC avançado e mutações no EGFR. Aqui, trazemos os resultados das análises exploratórias dos desfechos clínicos dos tratamentos de osimertinibe individual comparados com o tratamento sequencial.
A randomização dos pacientes nos 3 braços de estudo seguiu da seguinte forma:
· Braço A: tratamento com osimertinibe até progressão da doença reportada pelo RECIST (PD);
· Braço B: tratamento com gefitinibe até a detecção emergente de DNA tumoral circulante com mutação em EGFR (T790M) ou PD por RECIST;
· Braço C: tratamento com gefitinibe até PD por RECIST;
Nos braços B e C, o tratamento seguiu com osimertinibe após a PD e as análises desses dois braços foram agrupadas. Nesse estudo, foi considerado como desfecho primário a taxa de sobrevida livre de progressão na administração com osimertinibe em 18 meses (SLP – OSI – 18) no braço B (H0: SLP – OSI – 18 ≤ 40%). Os desfechos secundários avaliados foram a sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão cerebral (SLPc). A performance das primeiras análises foi em protocolo por população (PPP).
Importante mencionar que em todos os braços do estudo foi realizada a tomográfica computadorizada (TC) com contraste a cada 8 semanas.
Os pacientes foram acompanhados de novembro de 2017 a fevereiro de 2020, sendo 156 pacientes randomizados entre os grupos mencionados (braço A: 53, braço B/C: 103) e 136 pacientes foram incluídos em PPP. Na população estudada, a maioria das pacientes eram mulheres (56.6% no grupo randomizado e 69.9% no grupo PPP), com a del19 EGFR (66% e 64%, nos mesmos grupos). A metástase cerebral no baseline foi de 19% no grupo randomizado e 29.1% no grupo PPP.
Nos braços de estudo B/C, 70% dos pacientes que tiveram PB receberam o tratamento com osimertinibe. A SLP observada no braço A foi de 19.5 meses e a SLP-OSI-18 foi de 51.1% e 61% nos braços B/C. Em relação a avaliação de SG, a mediana no braço A não foi alcançável (NA), enquanto nos braço B/C foi de 42.8 meses (95% CI: 28.6- NA), com 18 meses de SG de 84.4% e 82.3%, nos grupos A e B/C, respectivamente.
Em todos os braços do estudo, foram observados 68 eventos de progressão cerebral. As medianas de PD no cérebro foram de 34.3 meses no braço A e 22.3 meses no braço B/C (95% CI, 26.9 – NR; 18.6 – 22.3, respectivamente HR=0.54, 90% CI 0.34 – 0.86), com 18 meses de SLPC de 82.2% e 63.5% respectivamente.
Através desses resultados é possível concluir que a administração de osimertinibe como tratamento de primeira linha em pacientes com CPNPC avançado e EGFR mutado mostrou uma significante redução do risco de progressão cerebral, com uma sobrevida global similar nos grupos de tratamento.
Referência:
1 – Masip. JM et al. Osimertinib versus gefitinib followed by Osimertinib in patients with EGFR-mutant non-small cell lung cancer (NSCLC): EORTC Lung Cancer Group 1613 APPLE trial. ELCC 2023 (Abst 1O)
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