Neste vídeo, a Dra. Mariana Kerbauy, Médica Hematologista no Hospital Israelita Albert Einstein, apresenta os resultados do estudo que apresenta o inotuzumabe ozogamicina como opção terapêutica para o transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas e avaliado quanto à segurança e melhora da sobrevida em pacientes com linfomas não-Hodgkin ou leucemia linfocítica crônica. Acesse e confira na íntegra!
O melhor tratamento para pacientes com linfoma não Hodgkin não é claro na literatura, sendo a quimioterapia combinada ainda a principal opção. Estudos sugerem que quimioterapia de manutenção por até dois anos após o tratamento podem reduzir recidivas, mas apesar da boa resposta ao tratamento, as recaídas ainda são comuns. Diante disso, esse estudo teve como objetivo melhorar os resultados em pacientes com linfoma não Hodgkin de células B (LNH) CD22 (+) recidivados ou leucemia linfocítica crônica (LLC), que eram candidatos ao transplante alogênico de células-tronco (alo-SCT) mas que falharam nas terapias direcionadas.
Para isso, inotuzumabe ozogamicina (InO), que já havia demonstrado atividade tumoral e toxicidade controlável em ensaios de fase 1 e 2, foi infundido por via intravenosa em pacientes ambulatoriais, com uma coorte de dose de 0,6, 1,2 ou 1,8 mg/m2. InO foi adicionado ao condicionamento padrão de BFR intravenoso: Bendamustina (B), fludabarina (F) e Rituximabe (R). B e F foram administradas juntas e diariamente, antes do transplante. Já R foi administrado nos dias -6, +1 e +8. Tacrolimus e minimetotrexato foram usados para profilaxia da doença do enxerto contra hospedeiro (DECH).
O estudo incluiu 26 pacientes. A idade média dos participantes foi de 59 anos. Os tipos de doenças: LLC (n=11); 22% com citogenética complexa; 75% com IGHV não mutado; linfoma de células do manto (MCL) (n=8), Linfoma folicular (n = 5) e linfoma difuso de grandes células B (DLBCL) [n = 2]. A mediana do número de tratamentos anteriores foi de 2,5. Pacientes com LLC/MCL foram tratados anteriormente com ibritunibe (n=10), venetoclax (n=5), idelalisibe (n=2), nivolumabe (n=1) e CAR T (n=1). No início do estudo, 18 pacientes estavam em resposta completa (RC), 7 em resposta parcial (RP) e 1 tinha doença estável (DE). Onze pacientes receberam transplante de doadores irmãos compatíveis (MSDs) e 15 de doadores não-aparentados compatíveis (MUDs). O número de pacientes que receberam 0,6, 1,2 ou 1,8 mg/m2 de InO foram 4, 2 e 20, respectivamente. Não foram observadas toxicidades limitantes de dose. 42% deles nunca tiveram neutropenia grave e 77% nunca tiveram contagens de plaquetas < 20 x 10^9/L. Apenas 1 paciente desenvolveu doença veno-oclusiva, confundida pela manifestação simultânea de DECH hiperaguda relacionada ao tratamento prévio com nivolumabe.
A mortalidade relacionada ao tratamento (TRM) em 2 anos foi de 12%. Com um acompanhamento mediano de 48,7 meses, a sobrevivência global (OS) aos 5 anos e as taxas de sobrevivência livre de progressão (PFS) foram de 84% e 80%, respectivamente. Sete dos 8 (87,5%) pacientes com RP/SD no início do estudo foram convertidos para RC após alo-SCT. Não houve diferença significativa na OS ou PFS por subtipo histológico. Aqueles que receberam um transplante de MSDs tiveram taxas de OS e PFS de 100% versus 79% e 64% para aqueles que receberam MUDs, respectivamente.
Foram comparados os resultados deste estudo com um grupo (n = 56) que possuía malignidades linfoides recidivadas que recebeu alo-SCT em um estudo prospectivo anterior usando condicionamento BFR sem InO e a mesma profilaxia para GVHD que foi publicado anteriormente. Não houve diferença estatisticamente significativa nos pacientes, doença (incluindo histologia, estado da doença pré-transplante) ou características do transplante entre os 2 grupos. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nos tempos de enxertia, incidência e graus de toxicidade hepática, TRM, risco de DECH aguda de grau II-IV ou III-IV. No entanto, o grupo de estudo contendo InO teve uma incidência maior de DECH crônica extensa (principalmente de novo) do que o grupo controle (50% vs 25%), respectivamente. Houve uma tendência em pacientes com LNH de ter uma melhor OS em 5 anos (93% vs 68%) e PFS em 5 anos (93% vs 58%) no grupo de estudo versus os grupos de controle. Não foram observadas tais tendências em pacientes com LLC (PFS de 5 anos 62% vs 59%): isso pode estar relacionado a um N pequeno de pacientes, nível de expressão de CD22, e mais mutações adversas no grupo de estudo.
Assim, os resultados mostram que InO é seguro quando combinado com um regime de condicionamento em alo-SCT e pode melhorar os resultados de sobrevida em pacientes com LNH CD22 (+). Porém, isso precisa ser validado em um número maior de pacientes, em estudos prospectivos e randomizados.
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