Camidanlumabe tesirina no tratamento do linfoma de Hodgkin: atualização dos dados de eficácia e segurança - Oncologia Brasil

Camidanlumabe tesirina no tratamento do linfoma de Hodgkin: atualização dos dados de eficácia e segurança

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Após monoterapia, análise é realizada em pacientes com linfoma de Hodgkin clássico com recidiva ou refratário 

 O linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer que acomete os linfonodos, mais frequentemente localizados no tórax e mediastino, tendo maior incidência no sexo masculino. Uma das características mais determinantes é proliferação excessiva de linfócitos, geralmente do tipo B, que passam pelos vasos linfáticos, migrando de maneira ordenada entre linfonodos. Os tratamentos mais comuns incluem a poliquimioterapia, com ou sem radioterapia associada, e novas terapias tem sido estudadas para esse tipo tumoral.  

Tendo isso em vista, o estudo buscou atualizar os resultados de eficácia e segurança de uma monoterapia, usando camidanlumabe tesirina (Cami), um anticorpo-droga conjugado, composto por um anticorpo monoclonal IgG1 anti-CD25 humano conjugado a um dímero de pirrolobenzodiazepina (PBD). Cerca de 117 pacientes (pts) com linfoma de Hodgkin clássico com recidiva ou refratário (R/R cHL), 95% com ECOG de 0-1, foram incluídos no estudo open-label, fase 2 e multicêntrico. A mediana de idade foi de 37 anos (19-87) e 62% dos pacientes eram do sexo masculino. Pacientes com R/R cHL e ≥3 terapias sistêmicas anteriores, incluindo brentuximabe vedotina (BV) e anti-PD-1 (≥2 terapias se o transplante de células hematopoiéticas [HCT] não fo i elegível), foram inscritos.

O desfecho primário foi a taxa de resposta geral (ORR pelos critérios de Lugano de 2014; revisão central). Os desfechos secundários incluíram duração da resposta (DOR), sobrevida livre de progressão (SLP) e frequência e gravidade dos eventos adversos (AEs). Em 1º de novembro de 2021, os pacientes (pts) receberam uma mediana de 6 (3-19) terapias anteriores e receberam uma mediana de 5,0 (1-15) ciclos de Cami. Quatorze pessoas (12,0%) desistiram para se submeter a TCH (dos quais 12 [10,3%] receberam TCH e foram censurados). 

Na população totalmente tratada (N = 117), ORR foi de 70,1% (82/117; IC 95%: 60,9-78,2) e 33,3% (39/117) tiveram resposta completa (CR). Na mediana (intervalo) de acompanhamento de 10,7 (1,2-25,2+) meses (mos), a mediana (IC 95%) DOR foi de 13,7 meses (7,4-14,7) para todos os respondedores, 14,5 (7,4-não alcançado, NR) mos e 7,9 (3,8-NR) mos para pts com CR ou PR, respectivamente. A SLP mediana (95% CI) foi de 9,1 (5,1-15,0) mos. Já os EAs emergentes de tratamento de todos os graus (TEAEs) em ≥25% de 117 pts foram fadiga (45, 38,5%), erupção maculopapular (MR, 38, 32,5%), pirexia (35, 29,9%), náusea (32, 27,4) %) e erupção cutânea (31, 26,5%). TEAEs de grau ≥3 em ≥5% dos pts foram trombocitopenia (11, 9,4%), anemia (10, 8,5%), hipofosfatemia (9, 7,7%), neutropenia (9, 7,7%), RM (8, 6,8%), e linfopenia (6, 5,1%). Os TEAEs que levaram ao atraso/redução ou descontinuação da dose de Cami ocorreram em 66 (56,4%) e 32 (27,4%) pts, respectivamente.

O estudo detectou TEAEs considerados associados a PBD, que foram reações de pele/unha (qualquer grau, 87, 74,4%; grau ≥3, 24, 20,5%), anormalidades do teste hepatobiliar (qualquer grau, 34, 29,1%; grau ≥3, 8, 6,8%), e edema/derrame (qualquer grau, 20, 17,1%; grau ≥3, 0). Aqueles TEAEs considerados imuno-relacionados (IR) ocorreram em 38 (32,5%) pts. Grau ≥3 IR EAs (TEAEs e não-TEAEs; 10, 8,5%) incluíram cetoacidose diabética/diabetes tipo 1 (2, 1,7%); lesão hepática induzida por drogas (2, 1,7%); nefrite tubulointersticial (2, 1,7%); e anemia aplástica, anemia hemolítica autoimune ou hepatite e queratose liquenóide (1 cada, 0,9%).Também foi observada a Síndrome de Guillain-Barré (SGB)/polirradiculopatia em 8 (6,8%) pacientes (Grau 2, n=2; grau 3, n=3; grau 4, n=3). Em cerca de 4 deles, o início ocorreu após 2 ciclos de Cami (intervalo: 2-7) e a duração mediana (intervalo) foi de 115 dias (43-523). No corte de dados, 4 casos haviam se recuperado e 4 não haviam se recuperado. 

Desta forma, as conclusões acerca desta monoterapia são animadoras, pois com acompanhamento médio de 10,7 meses, Cami demonstrou uma ORR de 70,1% (CR: 33,3%) em cHL R/R fortemente pré-tratado após falha do bloqueio de BV e PD-1, com um DOR mediano de 13,7 mos e PFS mediana de 9,1 meses. A segurança é consistente com achados anteriores, incluindo taxas de incidência semelhantes de GBS/polirradiculopatia. 

 

Referência: 

CARLO-STELLA, C. et al.Camindalumab tesirine: Updated efficacy and safety in a open-label,multicenter, phase 2 study of patients with relapsed ou refractory classical Hodgkin lymphoma ( R/R CHL).European Hematology Association: 2022 Congress. EHA Library; 357065; S201.