Neste estudo, os autores apresentam pela primeira vez a eficácia de um conjugado anticorpo-droga de 3ª geração direcionado ao tratamento neoadjuvante do câncer de mama HER2+, apontando o potencial antitumoral e aceitável tolerabilidade deste conjugado, SHR-A181, em monoterapia. Esse estudo foi discutido no SABCS 2024. Informações sobre este ensaio clínico: NCT05582499.
Atualmente, os regimes de tratamento neoadjuvante padrão para o câncer de mama HER2+ incluem o trastuzumabe e pertuzumabe em combinação com quimioterapia. No entanto, até a presente data, não existem dados científicos destacando a eficácia e segurança da utilização de conjugados anticorpo-droga (em inglês, Antibody-drug conjugate, ADC) em monoterapia ou em combinação com inibidores de tirosina kinase (em inglês, Tyrosin kinase inhibitor, TKI) no terapêutica neoadjuvante. No presente estudo, os autores avaliaram a atividade tumoral e a segurança do SHR-A1811, um novo ADC, no tratamento neoadjuvante do câncer de mama HER2+. O SHR-A1811 é composto por um anticorpo ant-HER2 (trastuzumabe), um ligante clivável e um inibidor da topoisomerase I (SHR169265) com uma razão droga-anticorpo (DAR) de 5,7.
Resumidamente, esse estudo clínico de fase II, aberto e randomizado incluiu 265 pacientes HER2+ com faixa etária acima de 18 anos e com doença em estágios 2 e 3. De modo geral, os pacientes foram randomizado (1:1:1) para receber: i) Nab-paclitaxel (100 mg/m2) de maneira intravenosa nos dias 1, 8 e 21 (em um ciclo de 28 dias) combinado com carboplatina (AUC 1,5) via intravenosa nos dias 1, 8 e 21 (em um ciclo de 28 dias), trastuzumabe (dose inicial de 8 mg/kg, dose subsequente de 6 mg/kg) via intravenosa (a cada 3 semanas) e pertuzumabe (dose inicial de 840 mg e dose subsequente de 420 mg) via intravenosa (a cada 3 semanas) por 6 ciclos (PCbHP); ii) SHR-A1811 em monoterapia (4,8 mg/kg) via intravenosa no dia 1 (a cada 3 semanas) por 8 ciclos; iii) SHR-A1811 em combinação com pyrotinibe (240 mg) via oral, (uma vez ao dia) por 8 ciclos.
A resposta patológica completa (em inglês, pathological complete response – pCR) em todos os pacientes randomizados na população por intenção de tratar foi avaliada como desfecho primário foram. O estudo está registrado no clinicaltrials.gov (NCT05582499). De modo geral, os 265 pacientes elegíveis e inclusos no presente estudo foram randomizados da seguinte maneira: 90 pacientes no grupo PCbHP; 87 pacientes no grupo SHR-A1811 (em monoterapia); e 88 pacientes no grupo SHR-A1811 em combinação com pyrotinibe. As características basais foram bem equilibradas entre os grupos de tratamento, com cerca de 45% dos pacientes positivos para receptor hormonal (HR+) e 70% dos pacientes estavam em estágio 3.
As taxas de pCR foram de 63% no grupo SHR-A1811 em monoterapia (44% em HR+ e 78% em HR-), seguido de 62% no grupo SHR-A1811 em combinação com pyrotinibe (44% no grupo HR+ e 76% em HR-), e 66% no grupo PCbHP (54% em pacientes HR+ e 75% em pacientes HR-). Não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos. Foram observados eventos adversos de grau 3 ou superior em 45% no grupo SHR-A1811 em monoterapia, 72% do grupo SHR-A1811 em combinação com pyrotinibe e 34% do grupo PCbHP. Doença pulmonar intersticial de grau 2 foi observada em um paciente do grupo SHR-A1811, e 9%, apresentaram diarreia de grau 3 no grupo SHR-A1811 em combinação com pyrotinibe. Não foram relatados óbitos associados ao tratamento.
Em conclusão, esse é o primeiro estudo a relatar a eficácia AADC de terceira geração direcionada ao HER2 no contexto neoadjuvante do câncer de mama HER2+. Além disso, o SHR-A1811 demonstrou atividade tumoral promissora e tolerabilidade aceitável com uma taxa de pCR de até 63% em monoterapia.
Referências:
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.