Os resultados de sobrevida livre de doença e sobrevida global em 3 anos do estudo LASRE demonstraram que entre os pacientes com câncer do reto baixo, a cirurgia laparoscópica realizada por cirurgiões experientes não é inferior à cirurgia aberta. Esses resultados apoiaram a cirurgia laparoscópica como uma abordagem segura e minimamente invasiva para o câncer do reto baixo.
A excisão total do mesorreto (ETM) é a principal via de acesso na cirurgia do câncer retal. Nas últimas décadas, a cirurgia laparoscópica tem sido cada vez mais realizada para tratar o câncer do reto devido aos benefícios a curto prazo em comparação à cirurgia aberta. Apesar de estar sendo cada vez mais utilizada para câncer do reto baixo, a cirurgia laparoscópica continuava considerada como um desafio comparando-se seus resultados oncológicos aos da cirurgia aberta, isso porque o câncer do reto baixo aumenta a dificuldade de dissecção nítida em cirurgia laparoscópica e pode comprometer a qualidade cirúrgica[1]. Os benefícios dos resultados oncológicos dessa técnica, ao longo prazo, ainda não estão totalmente estabelecidos.
Com foco nessa questão, o estudo LASRE (NCT01899547) – estudo multicêntrico de não inferioridade – teve como objetivo avaliar a segurança e viabilidade da cirurgia assistida por laparoscopia para carcinoma do reto baixo em comparação com a cirurgia aberta. Durante o Simpósio ASCO GI 2024, Pan Chi apresentou os resultados sobre os 3 anos de sobrevida livre de doença (SLD) e a margem de não inferioridade foi de 10% na população com intenção de tratar, e a sobrevida global (SG) em 3 anos e a recorrência locorregional[2]. Participaram do estudo cirurgiões que completaram ≥100 cirurgias laparoscópicas de ETM em 22 centros de alto volume na China. Um total de 1.070 pacientes foram recrutados, para ressecção com intenção curativa de câncer do reto baixo (margem inferior <5,0 cm da linha denteada) foram randomizados em uma proporção de 2:1 para serem submetidos à cirurgia laparoscópica ou aberta de novembro de 2013 a junho de 2018.
A análise final incluiu 1.039 pacientes (idade mediana: 57 anos, 620 homens; 685 e 354 nos grupos laparoscópico e aberto, respectivamente). O estágio clínico TNM foi II/III em 659 pacientes e I nos 380 pacientes restantes. A taxa de SLD em 3 anos foi de 81,4% no grupo laparoscópico versus 79,8% no grupo aberto (HR 0,9 [IC 95%, 0,7 – 1,2]; log-rank P = 0,558). A diferença absoluta foi de 1,6% (IC 97,5% unilateral, -3,34% – ∞), não excedendo a não inferioridade. A taxa de SG em 3 anos foi de 91,7% no grupo laparoscópico versus 93,7% no grupo aberto (IC 95% -5,12% – 1,54%, log-rank P = 0,243). A taxa de recorrência locorregional em 3 anos foi de 3,8% e 2,4%, respectivamente (IC 95%, -1,07% – 3,45%, log-rank P = 0,209). Os resultados das análises por intenção de tratar e conforme tratados foram consistentes com a análise principal.
Os autores concluíram que entre os pacientes com câncer do reto baixo, a cirurgia laparoscópica realizada por cirurgiões experientes não é inferior à cirurgia aberta no que diz respeito à sobrevida livre de doença em 3 anos. Esses resultados apoiam a cirurgia laparoscópica como uma abordagem segura e minimamente invasiva para o câncer do reto baixo.
Referência:
1 – JIANG, Wei-Zhong et al. Short-term outcomes of laparoscopy-assisted vs open surgery for patients with low rectal cancer: the LASRE randomized clinical trial. JAMA oncology, v. 8, n. 11, p. 1607-1615, 2022.
2 – CHI, Pan et al. Effect of laparoscopy-assisted vs open surgery on 3-year disease-free survival in patients with low rectal cancer: The LASRE randomized clinical trial. 2024 ASCO Gastrointestinal Cancers Symposium, Oral Abstract Session C: Cancers of the Colon, Rectum, and Anus, Abstract 8.
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