Neste vídeo, a Dra. Danielle Leão, Médica Hematologista e Pesquisadora Clínica na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta sobre os resultados apresentados no 65º American Society of Hematology Meeting and Exposition (ASH) 2023, que avaliaram a segurança e eficácia a longo prazo do uso de elranatamabe no tratamento de pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário. Acesse e confira na íntegra!
O mieloma múltiplo recidivado ocorre quando o mieloma tratado progride após terapia prévia, e requer um novo tratamento. O mieloma refratário é a doença que não responde ao tratamento ou progride dentro de 60 dias da última linha de terapia utilizada.
Embora diversos tratamentos estejam disponíveis, o mieloma múltiplo permanece incurável, com recidivas ocorrendo em diferentes estágios da doença. Para esses pacientes, as terapias que redirecionam as células T representam um potencial tratamento. Entre eles, está o elranatamabe, um anticorpo humanizado que tem como alvo o antígeno de maturação das células B (BCMA, em células de mieloma) e CD3 (nas células T). Ao ativar e direcionar as células T, induzem uma resposta T-citotóxica contra as células cancerosas.
A eficácia e segurança da monoterapia com elranatamab foram avaliadas no estudo clínico aberto, multicêntrico, não randomizado MagnetismMM-3 (NCT04649359) em pacientes adultos com MM R/R. Nessa triagem, os resultados expressos como taxa de resposta objetiva, duração da resposta e a mediana de sobrevida livre de progressão foram comparáveis e superiores aos obtidos com teclistamabe e belantamabe mafadotina, respectivamente, ambos aprovados para o tratamento de MM R/R.
Devido aos resultados promissores, a eficácia a longo prazo e segurança de elranatamabe foram avaliadas. Nesse trabalho, os pacientes elegíveis foram aqueles que receberam previamente pelo menos 3 classes terapêuticas, entre elas: inibidor de proteossoma (PI), agente imunomodulador (ImiD) e anticorpo monoclonal (mAb) anti-CD38. O ciclo de administração consistiu em: administração de 12 e 32 mg de elranatamabe de forma subcutânea nos dias 1 e 4, respectivamente; administração de 76 mg de elranatamabe, 1 vez por semana (QW) e por um mês, começando no dia 8 do primeiro ciclo semanal.
Os pacientes que receberam doses semanais por pelo menos 6 meses e alcançaram uma resposta ≥ parcial por 2 meses foram eleitos para receber um novo esquema de dosagem. Esses pacientes receberam 1 dose a cada 2 semanas (Q2W) e, após receberem pelo menos 6 ciclos Q2W, passaram a receber 1 dose a 4 semanas.
Após um acompanhamento mediano de 15,9 meses, 32,5% dos pacientes continuaram sob tratamento. A taxa de resposta objetiva (ORR; avaliada pelos critérios estabelecidos pelo IMWG, International Myeloma Working Group) foi de 61% (n=123, 95% CI, 51,8-69,6) sendo que 35,8% alcançaram resposta completa (CR) ou melhor. Dentre esses, 89,7% alcançaram DRM negativa (< 1 célula de mieloma a cada 105 células nucleadas, avaliado por sequenciamento de nova geração).
Todos os participantes apresentaram 1 ou mais efeitos adversos emergentes do tratamento (TEAEs) e em 70,7% dos casos, o TEAE foi de grau 3/4. O mais comum a qualquer grau (≥ 25%) e grau 3/4 (≥ 10%) foram infecções (69,9%, 40,7%), síndrome de liberação de citocinas (CRS; 57,7%, 0%), anemia (48,8%, 37,4%), neutropenia (48,8%, 48,8%), diarreia (41,5%, 1,6%), náusea (26,8%, 0%), reação no local de aplicação (26,8%, 0%), hipocalemia (26,%, 10,6%), tosse (26%, 0%), febre (30,9%, 4,1%), diminuição do apetite (33,3%, 0,8%), leucopenia (15,4%, 13%) e pneumonia por COVID-19 (14,6%, 11,4%).
Embora a mediana de duração da resposta (DOR) e sobrevida global (OS) não tenham sido alcançadas, calculou-se que as probabilidades de manter uma resposta objetiva, de estar livre de progressão e estar vivo dentro de 15 meses foi de 70,8%, 50,2% e 56,3%, respetivamente.
Os autores concluem que a eficácia de elnaratamabe, observada no estudo de fase II MagnetismMM-3, foi sustentada em longo prazo sem aparecimento de sinais que comprometessem a segurança dos pacientes.
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