Durante o quarto dia do Congresso Europeu de Oncologia Clínica – ESMO® 2024, foram realizadas apresentações dos resultados de importantes estudos que contribuem com a tomada de decisões terapêuticas e podem mudar a prática clínica. Confira.
LAURA
O ensaio de fase 3 LAURA, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, avaliou a eficácia do osimertinibe, EGFR-TKI com alta eficácia no sistema nervoso central (SNC), em pacientes com CPCNP em estágio III irressecável com mutação em EGFR, que não apresentaram progressão após quimiorradioterapia (CRT) definitiva. Análise apresentada no ESMO mostrou que o osimertinibe melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) no SNC em comparação com o placebo (PBO).¹
A mediana da SLP no SNC não foi alcançada no grupo do osimertinibe, enquanto foi de 14,9 meses no grupo do placebo (HR 0,17; IC 95% 0,09, 0,32). O osimertinibe também reduziu o risco de progressão no SNC em 12 meses (9% vs. 36% com PBO). Além disso, o osimertinibe melhorou o tempo até a morte ou metástases distantes (TTDM), com um HR de 0,21 (IC 95% 0,11, 0,38). A incidência cumulativa de metástases distantes em 12 meses foi de 11% com osimertinibe vs. 37% com PBO.¹
Esses resultados demonstram o benefício significativo do osimertinibe na prevenção da progressão no SNC e no prolongamento do TTDM, reforçando seu uso após CRT para pacientes com CPCNP em estágio III irressecável com mutação em EGFR.¹
ALINA
O ensaio de fase III ALINA avaliou a eficácia do alectinibe adjuvante em comparação com a quimioterapia em pacientes com CPCNP ALK-positivo ressecado em estágio IB-IIIA; benefício significativo na SLD foi observado com o alectinibe em comparação com a quimioterapia (HR 0,24, p<0.0001). Análise exploratória de biomarcadores apresentada no ESMO® revelou que o alectinibe proporcionou um benefício de SLD em relação à quimioterapia, independentemente da variante específica do EML4-ALK (V1/V3).²
Além disso, CPCNP ALK-positivo e TP53 wild-type apresentaram uma tendência de melhora na SLD com o alectinibe em comparação com aqueles com TP53 mutado, uma tendência que não foi observada no grupo da quimioterapia.²
Outras alterações genômicas, como CDKN2A, CDKN2B e MTAP, não apresentaram correlação com a SLD no grupo do alectinibe. Nenhum mecanismo de resistência ALK “on-target” foi identificado nos pacientes que tiveram recorrência no braço do alectinibe.²
Corticoide inalatório para prevenção de pneumonite induzida por radioterapia
Este estudo de fase 2 avaliou o uso de propionato de beclometasona inalado para reduzir a pneumonite induzida pela radioterapia em pacientes com CPCNP localmente avançado submetidos à radioterapia torácica. Um total de 292 pacientes foram randomizados em dois grupos: um grupo de prevenção com corticosteroide e um grupo controle.³
A incidência de pneumonite induzida por radiação de todos os graus foi significativamente menor no grupo de corticosteroide (35,3%) em comparação com o grupo controle (52,8%) (P=0.03). Além disso, a incidência de pneumonite grave (grau ≥3) foi reduzida no grupo de corticosteroide (12%) em comparação com o grupo controle (28,2%) (P=0.01).³
Não houve diferença significativa na taxa de resposta global ou na sobrevida global entre os grupos, embora a hiperglicemia tenha sido mais comum no grupo de corticosteroide (P=0.025).
Esses achados sugerem que corticosteroides inalatórios podem reduzir eficazmente a pneumonite induzida pela radioterapia, justificando investigações adicionais em ensaios clínicos de fase III.³
João Alessi, MD
Oncologista Clínico no Hospital Sirio Libanês, Staff Scientist do Dana-Farber Cancer Institute.
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