Estudo LUNAR apresenta a utilização de TTFields como opção capaz de prolongar significativamente a sobrevida global, independentemente do tipo de segunda linha associada (imunoterapia ou docetaxel). Além de eficácia, a terapia apresentou perfil de tolerância controlado e manejável
Tumor-treating Fields (TTFields) compreendem uma abordagem alternativa de tratamento oncológico baseada em campos elétricos de baixa intensidade e frequência intermediária gerados por transdutores não invasivos ao redor da região anatômica do tumor. Essa abordagem induz a parada de ciclo celular seletivamente (locorregionalidade), sendo aprovada para tratamento de mesotelioma e glioblastoma. Em câncer de pulmão de células não-pequenas (CPNPC), estudos pré-clínicos demonstraram que TTFields induzem o aumento de resposta imune antitumoral ao induzir parada de mitose e indução de morte celular imunogênica, o que assegura sinergia entre essa metodologia não invasiva e terapias bem estabelecidas como taxanos e inibidores de checkpoints imunes.
O estudo LUNAR, portanto, se trata de um ensaio clínico de fase III onde se avalia a associação da terapia TTFields ao standard of care (SOC; imunoterapia ou docetaxel). Foram incluídos 276 pacientes com CPNPC metastático que progrediram à terapia baseada em platina. Esses indivíduos foram randomizados 1:1 [TTFields + SOC (n=137) vs SOC (n=139)] e TTFields foi administrado continuamente até progressão ou toxicidade não tolerada.
Como endpoint primário, após mediana de follow-up de 12 meses, a avaliação de sobrevida global (SG) demonstrou ganho de sobrevida no grupo que recebeu TTFields + SOC de 13,2 meses (95% CI: 10,3-15,5) vs 10 meses (95% CI: 8,2-12,2) em SOC, de modo a se obter um hazard ratio de 0,74 (95% CI: 0,56–0,98; P=0,037). Com relação à taxa de sobrevida em 1 ano essa foi de 53% (95%CI: 44-61) vs. 42% (95%CI: 34-50), respectivamente (P=0,040). Ao se avaliar a sobrevida livre de progressão (SLP), a mediana foi de 4,8 meses (95% CI: 4,1-5,7) em TTFields+SOC e de 4,1 meses (95% CI: 3,0-4,7) em SOC, retornando um hazard ratio de 0,87 (95% CI: 0,67–1,14).
Como avaliação secundária, o estudo comparou a avaliação de desfechos nos subgrupos de imunoterapia e docetaxel. Essa análise demonstrou que TTFields + imunoterapia (n=134) prolongou significativamente a SG quando comparado a imunoterapia isolada (18,5 vs. 10,6 meses; HR = 0,63; 95%CI: 0,41-0,96; P=0,032). Essa observação foi similar ao que se observou no grupo docetaxel, onde as medianas de sobrevida global foram numericamente superiores em pacientes que receberam TTFields+Docetaxel (n=142).
Por fim, a avaliação de tolerância demonstrou que a taxa de toxicidade foi similar entre os grupos do estudo (97% TTFields + SOC vs 91% SOC), de modo que as toxicidades associadas ao TTFields foram de 71%, sendo em sua maioria toxicidades leves associadas a irritações da pele. Foram reportados 6% de toxicidades grau 3, e nenhuma toxicidade superior ou morte atribuída à terapia de interesse.
O estudo LUNAR, portanto, demonstra que a terapia com TTFields prolonga significativamente a sobrevida global de pacientes com CPNPC metastática após falha de resposta à platina. Essa terapia demonstrou, além de eficácia, um bom perfil de tolerância e, portanto, suficiente para sugerir TTFields como parte das terapias segundas linhas de disponíveis.
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