Na ESMO 2020, o estudo de fase III IPATential150 atingiu seu desfecho co-primário de sobrevida livre de progressão radiográfica (rPFS) em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) e cujos tumores tiveram perda de PTEN
A sinalização PI3K/AKT e dos receptores androgênicos é desregulada no câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC). A perda do gene PTEN, que ocorre em 40-50% dos casos, resulta na ativação do AKT, o alvo do ipatarsetib, e consequentemente em um pior prognóstico. A inibição de via dupla, em um estágio pré-clínico, possui uma atividade anti-tumoral maior do que a inibição do receptor androgênico.
O IPATential150, apresentado no ESMO Virtual Congress 2020, é um estudo de fase III, randomizado, duplo cego, que avaliou a eficácia e segurança da adição do ipatarsetib à abiterona em pacientes assintomáticos ou levemente sintomáticos previamente tratados para carcinoma de próstata metastático resistentes à castração.
Pacientes com mCRPC foram randomizados numa razão 1:1 e receberam um de dois regimes:
Os desfechos co-primários foram sobrevida livre de progressão radiográfica avaliada pelo investigador pelos critérios PCWG3 em pacientes com tumores com perda do gene PTEN confirmado por imunohistoquímica e em geral no grupo de análise intention-to-treat.
Os desfechos secundários incluíram o tempo para progressão do PAS (antígeno prostático específico), a taxa de resposta, a taxa de resposta objetiva confirmada (de acordo com o RECIST 1.1 e PCWG3) nos pacientes da população intention-to-treat e em pacientes com tumores com perda do gene PTEN confirmado por imunohistoquímica, e sobrevida livre de progressão radiológica em pacientes com tumores com perda do gene PTEN confirmados por técnica de sequenciamento de nova geração.
Um total de 1101 pacientes foram randomizados da seguinte maneira: 547 foram alocados no braço terapêutico enquanto 554 para o grupo controle. O acompanhamento se deu por um período de 19 meses. Em pacientes com tumores com perda do gene PTEN, a sobrevida livre de progressão radiográfica foi de 18,5 meses contra 16 meses no braço controle (hazard ratio de 0,77) na população intention-to-treat. Os desfechos secundários favoreceram o braço terapêutico.
Eventos adversos graves ocorreram em 40% e 23% dos pacientes no braço terapêutico e controle, respectivamente. Os eventos adversos que levaram à descontinuação do tratamento ocorreram em 21% e 5% dos casos do grupo terapêutico e controle, respectivamente.
Na análise de desfechos primários, o esquema com ipatarsetib e abiterona mostrou uma melhora significativa na sobrevida livre de progressão radiológica em pacientes com mCRPC na 1ª linha, além de uma atividade antitumoral versus o grupo controle em mCRPC com perda do gene PTEN, entretanto isso não foi observado de uma forma geral na população intention-to-treat. O perfil de segurança estava de acordo com o esperado.
Apesar de os dados iniciais serem bem encorajadores, o benefício de sobrevida global e dos desfechos secundários ainda não estão amadurecidos. Esse estudo irá seguir até a próxima análise planejada, quando os dados serão divulgados.
Referências:
LBA4 – IPATential150: Phase III study of ipatasertib (ipat) plus abiraterone (abi) vs placebo (pbo) plus abi in metastatic castration-resistant prostate cancer (mCRPC)
https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT03072238
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Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
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