Dr. Romualdo Barroso, médico oncologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, comenta sobre o estudo monarchE – apresentado durante o Simpósio Presidencial do ESMO Virtual Congress 2020. Trata-se de um estudo de adjuvância, aberto, de fase III, que avaliou a eficácia do abemaciclibe como primeiro inibidor CDK4/6 na doença invasiva no câncer de mama inicial RH+/HER2- de alto risco em pacientes que completaram o tratamento primário.
O abemaciclibe é um inibidor oral de CDK4/6, de tomada contínua, aprovado para uso em câncer de mama avançado HER2- e RH+. Agora, no estudo, este antineoplásico está sendo analisado também no cenário adjuvante. Embora muitas pacientes com doença apresentando receptor hormonal positivo (RH+) não tenham recidiva local ou à distância sob as terapias padrões, até 30% das que têm características clínicas e/ou patológicas de alto risco podem caminhar para recidiva à distância, especialmente nos primeiros dois anos do tratamento. Novas opções terapêuticas são, assim, necessárias para prevenir recorrências precoces e o desenvolvimento de metástases.
Os critérios de elegibilidade incluíram apresentar ≥ 4 linfonodos positivos ou 1-3 linfonodos com uma das seguintes características: tamanho do tumor ≥ 5 cm, grau histológico 3 ou Ki-67 ≥ 20%. As 5.637 pacientes foram randomizadas na proporção 1:1 para abemaciclibe (150 mg 2x ao dia por 2 anos) mais terapia endócrina (TE) ou TE sozinha.
Uma análise interina pré-especificada foi planejada em aproximadamente 293 eventos de sobrevida livre de doença invasiva (SLDI). O desfecho primário foi a SLDI de acordo com os critérios STEEP (Efficacy End Points in Adjuvant Breast Cancer Trials). Os desfechos secundários incluíram sobrevida livre de recidiva à distância (SLRD), sobrevida global (SG) e segurança.
Com 323 eventos SLDI observados na população com intenção de tratar, a eficácia positiva exigiu um valor de p bilateral <0,0264.
Abemaciclibe mais TE demonstraram uma melhora estatisticamente significativa em SLDI versus TE sozinha (p = 0,0096, HR 0,747), correspondendo a uma redução de 25,3% no risco de um evento de SLDI. As taxas de SLDI em 2 anos foram 92,2% versus 88,7%, respectivamente.
Uma melhora semelhante foi observada para SLRD (HR 0,717) com taxas de SLRD em 2 anos de 93,6% e 90,3%, respectivamente. O benefício consistente foi observado em todos os subgrupos pré-especificados.
Os eventos adversos mais frequentes foram diarreia, neutropenia e fadiga no braço do abemaciclibe e artralgia, fogachos e fadiga no braço controle. A segurança foi consistente com o perfil conhecido de abemaciclibe.
Os autores concluem que abemaciclibe, quando combinado à TE, é o primeiro inibidor de CDK4/6 a demonstrar uma melhora estatisticamente significativa na SLDI em pacientes com câncer de mama inicial de alto risco RH+ HER2-.
Segundo Dr. Barroso, ainda existem várias perguntas a serem respondidas, porém não há dúvidas de que os resultados do monarchE são muito impactantes e de que com a adição do inibidor de CDK4/6 haverá melhora nos desfechos das pacientes com câncer de mama inicial de alto risco, sobretudo naquelas com doença hormônio positiva.
Ouça agora a análise do especialista em nosso podcast:
Referências:
Martin M, Garcia-Saenz JA, Manso L, Llombart A, Cassinello A, Atienza M, Ringeisen F, Ciruelos E. Abemaciclib, a CDK4 and CDK6 inhibitor for the treatment of metastatic breast cancer. Future Oncology. 2020 Jul(0).
Johnston SRD, et al. Abemaciclib in high risk early breast cancer. Abstract LBA5_PR. ESMO 2020.
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