Pembrolizumabe mais radioterapia não apresentam diferença de controle locorregional no tratamento do carcinoma de células epidermoides de cabeça e pescoço irressecável - Oncologia Brasil

Pembrolizumabe mais radioterapia não apresentam diferença de controle locorregional no tratamento do carcinoma de células epidermoides de cabeça e pescoço irressecável

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Dra. Aline Lauda Chaves, oncologista clínica, diretora do Grupo DOM Oncologia e presidente do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço, comenta o estudo GORTEC 2015-01 “PembroRad”, que comparou cetuximabe com radioterapia (tratamento padrão) versus pembrolizumabe com radioterapia em pacientes com carcinoma de células epidermoides de cabeça e pescoço (CECCP) inelegíveis para cisplatina.

O pembrolizumabe é aprovado em primeira e segunda linhas para tratamento do CECCP recidivado ou metastático, mas seu uso concomitante à radioterapia (RT) ainda não foi avaliado em pacientes com CECCP inelegíveis para cisplatina. O estudo, portanto,

baseou-se na hipótese de que existe um efeito sinérgico entre agentes anti-PD-1 e RT.

O objetivo foi avaliar a eficácia de controle da doença locorregional com o uso de pembrolizumabe mais RT (com IMRT 70 Gy em 33 frações) versus cetuximabe mais RT aos 15 meses, considerando uma diferença entre os braços de 60% a 80%.

Os pacientes foram, então, divididos em dois braços:

  • Braço A: Cetuximabe 400 mg/m² EV de dose de ataque e 250 mg/m² semanalmente;
  • Braço B: Pembrolizumabe 200 mg EV a cada três semanas concomitante à radioterapia;

Os critérios de inclusão foram:

  • pacientes não elegíveis para cisplatina;
  • CECCP irressecável estadios III-IVa-b;
  • CEC de cavidade oral, orofaringe e laringofaringe;
  • pacientes não metastáticos.

Ao todo, 133 pacientes foram randomizados (66 para cetuximabe mais radioterapia e 67 para pembrolizumabe mais radioterapia) e estratificados de acordo com o tamanho do tumor, o nível de acometimento linfonodal e o status de p16 para CEC de cavidade oral

A maioria da população selecionada apresentava CEC de orofaringe (62% vs 59% nos grupos pembrolizumabe e cetuximabe, respectivamente) e o estadiamento mais prevalente observado foi IVa (62% vs 50%).

No geral, 75% dos pacientes receberam ao menos sete ciclos de cetuximabe e 88% dos pacientes receberam três ciclos de pembrolizumabe de acordo com os grupos avaliados.

Após um acompanhamento médio de 25,6 meses, não houve diferença estatisticamente significativa de taxa de controle locorregional aos 15 meses após radioterapia entre os grupos:

  • Cetuximabe-RT: 59% (IC 95%: 45% a 72%)
  • Pembrolizumabe-RT: 60% (IC 95%: 46% a 72%)
  • → Odds Ratio: 1.05; p = 0,91;

Também não houve diferença estatisticamente significativa para sobrevida livre de progressão de doença em 2 anos:

  • Cetuximabe-RT: 40%
  • Pembrolizumabe-RT: 42%
  • → Hazard Ratio: 0.83; IC 95% 0,53-1,29; p = 0,41

Tampouco para sobrevida global:

  • Cetuximabe-RT: 55%
  • Pembrolizumabe-RT: 62%
  • → Hazard Ratio: 0.83; IC 95% 0,49-1,40; p = 0,49

Conforme esperado, os pacientes do grupo cetuximabe mais RT apresentaram maior incidência de efeitos adversos graus 3 ou 4 em relação aos que receberam terapia anti-PD-1 (92% vs 74%, respectivamente; p = 0,006), sendo os mais comuns em ambos os braços: aparecimento de radiodermatite, rash cutâneo e mucosite. Cinco mortes ocorreram durante a radioterapia (2 no braço cetuximabe e 3 no braço pembrolizumabe) e 4 mortes ocorreram 90 dias após o tratamento (3 em cetuximabe e 1 em pembrolizumabe).

Os autores concluem que não houve diferença estatisticamente significativa de controle locorregional aos 15 meses entre os grupos. Verificou-se, entretanto, maior incidência de efeitos adversos de grau ≥ 3 para o grupo cetuximabe + RT.
Confira agora a análise da especialista no nosso podcast:

 

Referência:

LBA38 – Pembrolizumab versus cetuximab, concomitant with radiotherapy (RT) in locally advanced head and neck squamous cell carcinoma (LA-HNSCC): Results of the GORTEC 2015-01 “PembroRad” randomized trial. ESMO 2020.

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