Uso de encorafenibe e binimetinibe seguido de imunoterapia demonstrou uma maior sobrevida livre de progressão e maior taxa de resposta objetiva
Embora as terapias-alvo e os inibidores de correceptores imunes tenham revolucionado o tratamento do melanoma metastático, não há consenso sobre a sequência ideal a ser empregada, pois apenas análises retrospectivas foram realizadas. Atualmente, a escolha do tratamento é baseada principalmente nas características dos pacientes e no perfil de toxicidade das medicações utilizadas, ao invés de estar pautada em dados de ensaios clínicos randomizados.
O uso de encorafenibe (inibidor BRAF) e binimetinibe (inibidor MEK) seguidos de imunoterapia demonstrou uma maior sobrevida livre de progressão (SLP), maior taxa de resposta objetiva (TRO) e mediana de SLP em 1 e 2 anos consistentes com dados publicados em estudos iniciais, de acordo com trabalho apresentado no ESMO Virtual Congress 2020. Este pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de uma abordagem que defina o sequenciamento de terapias-alvo e imunoterapias em pacientes com melanoma metastático.
SECOMBIT (Sequential COMBo Immuno and Targeted therapy study, NCT02631447), um estudo de fase II de eficácia e segurança, recrutou ao todo 230 pacientes com melanoma metastático e mutação BRAFV600, os quais foram randomizados para três braços de tratamento:
Na progressão da doença, os pacientes do:
O desfecho primário foi sobrevida global (SG) e os desfechos secundários foram SLP mediana, SLP total, melhor TRO, duração da resposta, toxicidade e qualidade de vida avaliada pelo EORTC QLQ-C30 e estado geral de saúde.
Por fim, 36 pacientes permaneceram em tratamento no braço A, 31 no braço B e 42 no braço C.
A idade média foi 55,0 (variação, 19-77), 55,0 (18-81) e 51,0 (28-80) nos braços A, B e C, respectivamente. Os níveis de lactato desidrogenase (DHL) > 1x limite superior de normalidade (LSN) foram 40,6%, 47,9% e 36,2% também respectivamente.
Em relação ao envolvimento da lesão com mais de três locais, o braço B teve uma porcentagem maior (40,9%) em comparação com o braço A e o braço C, ambos com 36,2%. Quanto aos critérios de estratificação, houve um discreto desequilíbrio em termos de elevação de DHL e o número de órgãos metastáticos afetados entre os três braços.
Os resultados mostraram que a SLP mediana foi de 15,8 meses para o braço A, 7,2 meses no braço B e 11,4 meses no braço C. Apesar dessa diferença entre os grupos, é interessante notar que as taxas de SLP em 2 anos foram semelhantes entre os braços (A: 35 meses; B: 38 meses; C: 39 meses). Os autores sugeriram que essas diferenças foram devido aos níveis de desidrogenase láctica.
A melhor TRO foi de 82,6% no braço A, enquanto braço B e C apresentaram taxas de resposta objetiva de 45,1% e 78,3%, respectivamente. As respostas completas no braço A, B e C foram 21%, 15,5% e 29,0% também respectivamente.
Os investigadores observaram que a SLP em 2 anos foi de 48% no braço A, 58% no braço B e 62% no braço C, com ressalva dos autores de que esses dados são preliminares.
Dados adicionais quanto à SLP total e o primeiro relatório de SG provavelmente estarão disponíveis durante a segunda metade de 2021, com divulgação de um estudo em paralelo de biomarcadores que fornecerá informações adicionais sobre predição de resposta às terapias e mecanismos de resistência nessa população estudada.
Referência:
Ascierto PA, Mandela M, Ferrucci PF, et al. First report of efficacy and safety from the phase II study SECOMBIT (Sequential COMBo Immuno and Targeted therapy study). Presented at: 2020 ESMO Virtual Congress. September 19-21, 2020. Abstract LBA45.
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