Durante o 3º dia de ESMO 2024, foram apresentados resultados promissores de dois estudos sobre imunoterapia neoadjuvante para o câncer de cólon em estágio inicial com deficiência de reparo de incompatibilidade (dMMR)
O estudo NICHE-2, envolvendo 115 pacientes, investigou a eficácia de uma dose de ipilimumabe e duas doses de nivolumabe como tratamento neoadjuvante (2 ciclos de imunoterapia) em pacientes com câncer de cólon localmente avançado com dMMR. Os resultados mostraram uma sobrevida livre de doença (SLP) de 100% em três anos para 111 pacientes. Além disso, 45% dos pacientes apresentaram clearance de DNA tumoral circulante (ctDNA) no 15º dia após o início do tratamento, e todos estavam negativos para ctDNA três semanas após a cirurgia – o que está em linha com a taxa de recorrência de 0% observada no estudo. A resposta patológica completa foi fortemente associada ao ctDNA negativo no pré-operatório. A taxa de eventos adversos imunomediados de grau 3-4 foi de apenas 4%.
O estudo NICHE-3 avaliou a combinação de nivolumabe e relatlimabe (inibidor de LAG3) por 4 semanas, semelhante ao protocolo do NICHE-2, em pacientes com câncer de cólon em estágio ≥ 3 e/ou N+, com dMMR. Entre os 59 pacientes que passaram por cirurgia, a taxa de resposta patológica (≤ 50% de doença residual) foi de 97%, com uma taxa de resposta patológica maior de 92% e uma taxa de resposta patológica completa de 68%. Eventos adversos imunomediados de grau 3-4 foram observados em 10% dos pacientes.
Os resultados dos estudos NICHE-2 e NICHE-3 reforçam o potencial da imunoterapia neoadjuvante em melhorar os desfechos de pacientes com câncer de cólon dMMR. A alta taxa de sobrevida livre de doença (DFS) e o clearance de ctDNA indicam uma resposta robusta e de longo prazo ao tratamento, enquanto a taxa de eventos adversos permanece controlável.
Esses achados sugerem que a imunoterapia neoadjuvante pode se tornar uma abordagem padrão para o tratamento do câncer de cólon com dMMR. No entanto, algumas questões permanecem: será que dois agentes imunoterápicos são necessários? A terapia adjuvante é essencial? Qual seria o tempo ideal de neoadjuvância?
Esses estudos destacam a importância de continuar a pesquisa em imunoterapia para otimizar o tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Ana Paula Victorino, MD
Oncologista Clínica no Instituto Américas, Diretora Científica do Instituto Americas/ Oncologia.
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