Câncer gastrointestinal
A Dra Ana Paula Victorino comenta resultados relevantes de estudos apresentados durante sessão de GI no primeiro dia da ESMO 2024.
No primeiro dia do Congresso ESMO 2024, foram apresentados dados promissores referentes a estudos de fase II com três agentes antiangiogênicos para o tratamento de tumores neuroendócrinos (NETs). A análise interina do estudo de fase II CABONEM, investigou a eficácia e segurança do cabozantinibe em 32 pacientes com NETs avançados de grau 3 e baixa proliferação (Ki67 até 60%). Os resultados preliminares mostraram taxa de controle de doença de 65,6% após 6 meses de tratamento. A sobrevida livre de progressão foi de 8,3 meses, com taxa de resposta objetiva de 18,8%. A ausência de um braço de controle e a toxicidade inerente ao cabozantinibe foram importantes limitantes observados no estudo. Os outros dois estudos de fase II, também positivos, apresentados avaliaram o combo ramucirumabe e dacarbazina e o novo agente CVM-1118.
Em relação a carcinoma hepatocelular (CHC), tivemos a apresentação dos resultados atualizados do estudo IMbrave 050. Com um follow up atual de 31,1 meses, não foi mantido o benefício em sobrevida livre de recorrência para adjuvância com atezolizumabe e bevacizumabe após ressecção ou ablação de CHC de alto risco. A maior parte das recorrências ocorreram no próprio fígado, sendo possível tratamentos curativos e locorregionais, além dos sistêmicos. Trinta e nove porcento dos pacientes que recorreram no braço de active surveillance receberam atezolizumabe e bevacizumabe. A sobrevida global (SG) ainda não está madura, mas é previsto que o crossover possa interferir nesta avaliação. Apesar dos dados positivos iniciais, que levaram à inclusão de adjuvância com atezolizumabe e bevacizumabe em guidelines como o da AASLD, atualmente não temos dados que justifiquem esta conduta. Ainda são aguardados os resultados de outros estudos que estão avaliando imunoterapia para a adjuvância de CHC.
No estudo de fase II PANDAS-PRODIGE 44, pacientes com diagnóstico de câncer de pâncreas borderline receberam mFOLFIRINOX neoadjuvante com ou sem quimioterapia (capecitabina) e radioterapia (50,4 Gy), com ambos os regimes seguidos de cirurgia e terapia adjuvante. O estudo foi negativo para seu desfecho primário, taxa de ressecção R0 e não mostrou benefício em SG. Até o momento ainda seguimos com o papel ainda questionável da radioterapia neste cenário.
Referência:
Ana Paula Victorino, MD
Oncologista Clínica no Instituto Américas, Diretora Científica do Instituto Americas/ Oncologia.
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