Estudo avalia pembrolizumabe como segunda linha de tratamento para pacientes com linfoma de Hodgkin recidivado ou refratário - Oncologia Brasil

Estudo avalia pembrolizumabe como segunda linha de tratamento para pacientes com linfoma de Hodgkin recidivado ou refratário

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Pembrolizumabe-GVD em 2ª linha é um regime altamente eficaz e bem tolerado que pode unir satisfatoriamente os pacientes com linfoma de Hodgkin recidivado ou refratário para transplante autólogo de células hematopoiéticas 

 

A abordagem padrão para linfoma de Hodgkin clássico (cHL) recidivado ou refratário (RR) após a falha do tratamento inicial é a segunda linha terapêutica (SLT), que busca alcançar resposta completa (RC), seguida por consolidação com terapia de alta dose e transplante autólogo de células hematopoiéticas (TACH). Não existe, no entanto, um padrão. As opções incluem regimes contendo platina, gemcitabina e, mais recentemente, brentuximabe vedotina. As taxas de resposta completa associadas a esses regimes variam de 50% a 70%. 

Devido ao uso crescente de brentuximabe vedotina (BV) no cenário de 1ª linha, é necessário o desenvolvimento de regimes de SLT que sejam altamente eficazes e poupadores de BV. Os inibidores PD-1 são altamente ativos no cHL RR e têm o potencial de aumentar a eficácia da quimioterapia padrão. 

Durante o 62º Congresso Anual da ASH foram divulgados os resultados de um estudo de fase II avaliando um novo regime baseado em anti-PD-1, pembrolizumabe mais gencitabinavinorelbina e doxorrubicina lipossomal (pembrolizumabe-GVD), como segunda linha terapêutica para linfoma de Hodgkin clássico recidivado ou refratário. 

Pacientes elegíveis para transplante com cHL RR após falha da 1ª linha terapêutica poderiam ser incluídos no estudo. O tratamento consistiu em 2 a 4 ciclos de pembrolizumabe (200mg IV no dia 1), gencitabina (1000 mg/m² IV dias 1 e 8), vinorelbina (20 mg/m² IV dias 1 e 8) e doxorrubicina lipossomal (15 mg/m² dias 1 e 8), administrados em ciclos de 21 dias. Pacientes que alcançaram RC por PET (Deauville ≤ 3) após 2 ou 4 ciclos prosseguiram para TACH. O transplante foi realizado de acordo com os padrões institucionais e a manutenção de VB foi permitida após TACH. 

desfecho primário foi taxa de RC após 2 ou 4 ciclos de pembrolizumabe-GVD. A inscrição ocorreu de acordo com um design de 2 estágios de Simon, com tamanho da amostra baseado em uma taxa RC projetada de 70%. No estágio 1, 23 pacientes inscritos e 12 ou mais RCs foram necessários para prosseguir ao estágio II. Neste, mais 16 pacientes foram inscritos. De um total de 39 indivíduos, 24 RCs foram necessárias para declarar este regime promissor. 

Entre 39 pacientes inscritos, 37 foram avaliados quanto à toxicidade e 34 quanto à resposta. Dos 37 tratados, a idade média foi de 36, 43% eram do sexo masculino, 23 (62%) tinham doença em estágio avançado e 15 (41%) tinham doença refratária primária. Com relação aos fatores de risco cHL RR (sintomas B, doença extranodal e recidiva/refratariedade dentro de 1 ano do tratamento inicial), 4 (11%) não apresentaram, 21 (57%) tinham 1 fator de risco (FR), 9 (24%) tinham 2 FRs e 3 (8%) tinham todos os 3 FRs. 

O tratamento foi bem tolerado, com a maioria dos eventos adversos sendo de grau 1 ou 2. EAs de grau 3 incluíram erupção cutânea (n = 1), AST/ALT elevadas (n = 3), mucosite oral (n = 2) e neutropenia (n = 3). 

Entre 34 pacientes avaliáveis, 31 (91%) alcançaram RC após 2 ciclos e 3 obtiveram resposta parcial. Um 1 paciente adicional alcançou RC após 4 ciclos de pembrolizumabe-GVD, portanto, no total, 32 de 34 (94%) alcançaram RC após o esquema terapêutico em estudo. Quatro pacientes com RC após 2 ciclos receberam 2 ciclos adicionais de pembrolizumabe-GVD para atrasar o TACH durante o auge da pandemia de COVID-19 (n = 3) ou devido à recusa de TACH (n = 1). 

Até o momento, 32 foram submetidos a TACH após dois (n = 27) ou quatro (n = 5) ciclos de tratamento. Um paciente está aguardando o TACH, um recusou o transplante e recebeu manutenção com pembrolizumabe. Dois pacientes receberam radioterapia no local envolvido da área inicial da doença recidivada antes do TACH planejado e 10 receberam manutenção pós-TACH com BV. O acompanhamento médio pós-TACH foi de 9 meses e todos os pacientes permanecem em remissão até o momento. 

Os autores concluem que pembrolizumabe-GVD em 2ª linha é um regime altamente eficaz e bem tolerado que pode unir satisfatoriamente os pacientes com linfoma de Hodgkin recidivado ou refratário para transplante autólogo de células hematopoiéticas. 

Devido à alta taxa de RC observada com pembrolizumabe-GVD, uma coorte de expansão avaliando oito ciclos de manutenção com pembrolizumabe (em vez de TACH) para pacientes que alcançam RC após quatro ciclos de pembrolizumabe-GVD está planejada. 

 

Referência: 

Moskowitz AJ, et alPhase II Study of Pembrolizumab Plus GVD As Second-Line Therapy for Relapsed or Refractory Classical Hodgkin Lymphoma. Abstract 470. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.  

 

 

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