Chicago (EUA) – Nos últimos anos, o tratamento do câncer de próstata metastático sensível à castração (CPMSC) passou por mudanças significativas, com dados de importantes estudos, como LATITUDE e CHAARTED, evidenciando a importância de se utilizar métodos mais intensivos o mais precocemente possível. Nesse contexto, o estudo de fase III ENZAMET, que avaliou o uso de enzalutamida (ENZ) para pacientes com CPMSC, corrobora esses dados e acrescenta mais uma ferramenta ao arsenal de medicações para tratamento desses pacientes.
O estudo foi apresentado na sessão plenária do ASCO 2019, edição deste ano do congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, pelo Dr. Christopher Sweeney, pesquisador do Dana-Farber Cancer Center. O trabalho avaliou o papel da associação de ENZ, um inibidor do receptor de andrógeno, ao tratamento padrão com terapia de privação androgênica (androgen deprivation therapy – ADT) nos pacientes com CPMSC que não haviam sido submetidos a tratamentos anteriores para a doença metastática. Após resultados de estudos recentes, foi permitido que pacientes recebessem docetaxel durante o tratamento com ENZ, a depender da necessidade.
A adição de ENZ à ADT foi comparada ao tratamento padrão com ADT associada a outro agente antiandrogênico padrão (flutamida, bicalutamida, nilutamida), buscando um desfecho primário de superioridade em sobrevida global (SG). Foram randomizados 1125 pacientes e foram registradas 102 mortes no grupo de ENZ e 143 mortes no grupo de terapia padrão (HR 0,67; IC 95% 0,52-0,86; p = 0,002). As estimativas de sobrevida em 3 anos foram de 80% vs. 72%, favorecendo o braço de ENZ. ENZ + ADT também se mostrou uma estratégia superior em relação à sobrevida livre de progressão do PSA e sobrevida livre de progressão clínica, importantes desfechos secundários avaliados, com 174 (ENZ) vs. 333 (padrão) e 167 (ENZ) vs. 320 (padrão) eventos de progressão encontrados, respectivamente, com diferenças significativas e HR 0,39 e 0,40.
O efeito colateral mais frequente com uso de ENZ foi fadiga e 7 pacientes apresentaram crises epilépticas com a medicação. Além disso, mais pacientes descontinuaram a medicação no grupo de ENZ no que aqueles no grupo do tratamento padrão (33 vs. 14 eventos). Apesar disso, o número de eventos adversos graus 3 ou superior não se mostrou muito diferente entre os braços.
Com isso, a enzalutamida se coloca como mais uma eficaz opção para tratamento de pacientes com CPMSC, ressaltando a importância do tratamento intensivo para pacientes recém-diagnosticados, com ganho em sobrevida global. O estudo teve publicação simultânea no New England Journal of Medicine.
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