A síndrome mielodisplásica (SMD) ou a leucemia mieloide aguda (LMA) relacionadas à terapia oncológica são complicações raras, mas geralmente fatais, da quimioterapia – incluindo certos agentes alquilantes, inibidores da topoisomerase II e compostos de platina. Com o objetivo de melhor avaliar os riscos de SMD/LMA com os novos agentes e esquemas quimioterápicos na era moderna, foi conduzido um estudo de coorte de base populacional usando registros de câncer do Programa de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais (SEER) e Medicare.
Foram analisados 1619 casos de SMD/LMA entre 700612 adultos (idade, 20-84 anos) que foram diagnosticados com primeiro câncer sólido primário entre 2000 e 2013 (seguidos até 2014), receberam quimioterapia inicial e sobreviveram por 1 ano ou mais. Os riscos de SMD / LMA tiveram elevação estatisticamente significativa após quimioterapia para 22 dos 23 cânceres sólidos (todos exceto cólon). Os riscos relativos variaram de 1,5 a mais de 10 e o excesso de riscos absolutos de 1,4 a mais de 15 casos por 10000 pessoas-ano em comparação com a população em geral. A sobrevida global após o diagnóstico de SMD/LMA foi baixa (1270 de 1619 pacientes [78,4%] morreram; sobrevida global média de 7 meses). Para pacientes tratados com quimioterapia no presente momento, aproximadamente três quartos dos casos de SMD/LMA esperados para ocorrer dentro dos próximos 5 anos serão atribuíveis à quimioterapia. No banco de dados SEER-Medicare, o uso de agentes leucemogênicos conhecidos, particularmente compostos de platina, na quimioterapia inicial, aumentou substancialmente desde 2000, principalmente para cânceres do trato gastrointestinal (esôfago, estômago, cólon e reto; 10% em 2000-2001 a 81% durante 2012-2013).
Os dados populacionais de grande escala nos Estados Unidos demonstram o excesso de riscos de SMD/LMA após a quimioterapia para quase todos os tipos de tumores sólidos, consistente com o uso expandido de agentes leucemogênicos conhecidos no século XXI. Esforços contínuos para reduzir eventos adversos relacionados ao tratamento, particularmente para pacientes com câncer sólido com prognóstico favorável, são necessários.
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.