Estudo LEAP-017: comparação da terapia combinada de lenvatinibe e pembrolizumabe em relação ao tratamento padrão para câncer colorretal metastático (mCRC) - Oncologia Brasil

Estudo LEAP-017: comparação da terapia combinada de lenvatinibe e pembrolizumabe em relação ao tratamento padrão para câncer colorretal metastático (mCRC)

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Análise dos resultados de sobrevida global, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta objetiva de pacientes com mCRC não-MSI-H/dMMR tratados com a combinação de lenvatinibe e pembrolizumabe. 

 

As abordagens terapêuticas eficientes ainda são uma necessidade não atendida para os pacientes com câncer colorretal metastático (mCRC) sem instabilidade de microssatélites ou deficiência de mismatch repair (não-MSI-H/dMMR) que passaram por tratamentos anteriores. Assim, o objetivo do estudo global, randomizado, open-label e de fase 3, LEAP-017, foi avaliar a eficácia e a segurança do tratamento combinado de lenvantinibe e pembrolizumabe (lenva+pembro) em comparação ao tratamento padrão (SOC) em pacientes com mCRC previamente tratados. 

 

Um total de 480 pacientes com 18 anos ou mais, diagnosticados com mCRC sem possibilidade de ressecção e que progrediram ou eram intolerantes ao tratamento com fluoropirimidina, oxaliplatina, irinotecano e outras terapias alvo-específicas, foram randomizados na proporção 1:1 para receberem lenvatinibe (20mg/dia via oral) e pembrolizumabe (400 mg a cada seis semanas intravenoso) ou tratamento padrão com regorafenibe (160 mg/dia via oral a cada quatro semanas) ou trifluridina/tiparicil (35 mg/m2 a cada quatro semanas). A média de idade dos pacientes era de 58 anos (variação, 21-87), e 70% dos pacientes apresentavam metástases no fígado na randomização. 

 

A análise final ocorreu em fevereiro de 2023, tendo como desfecho primário a análise da sobrevida global, enquanto os secundários foram a sobrevida livre de progressão e taxa de resposta objetiva. O protocolo especificou uma análise interina (IA) e uma análise final (FA) para sobrevida global. Os limites de eficácia pré-especificados foram p=0.0214 para sobrevida geral, e p=0.0125 para sobrevida livre de progressão e taxa de resposta objetiva. 

 

A sobrevida global média foi de 9.8 meses no grupo lenva+pembro comparado à 9.3 meses nos pacientes SOC (HR 0.83; 95% IC, 0.68-1.02; P=0.0379), enquanto a taxa livre de progressão foi de 3.8 meses em comparação a 3.3 meses (HR 0.69; 95% IC, 0.56-0.85) nesses mesmos grupos, respectivamente. A taxa de resposta objetiva foi de 10.4% nos indivíduos que receberam tratamento com lenvatinibe e pembrolizumabe, e 1.7% em SOC. A duração média de resposta foi de 11.1 meses (variação 3.7 até 18.5+) no grupo lenva+pembro, comparado a 7.6 meses (variação 5.6+ até 9.0) nos indivíduos em tratamento padrão.

Durante a análise interina com acompanhamento médio de 11.6 meses, a sobrevida livre de progressão foi de 3.8 comparado a 3.3 meses (HR 0.71; 95% IC, 0.57-0.87), e a taxa objetiva de resposta foi de 10.4% vs 1.7%. Foram registrados efeitos adversos de grau >3 em 58,4% do grupo lenva+pembro 42.1% em SOC. Dois pacientes lenva+pembro apresentaram efeitos adversos de grau >5, enquanto não se constatou o mesmo dado em nenhum indivíduo do grupo SOC. Além disso, 46% versus 59% dos indivíduos participantes receberam terapias anti-câncer após o estudo clínico. 

 

Dessa forma, o estudo conclui que o tratamento com lenvatinibe e pembrolizumabe comparado a SOC levou à tendência de aumento de sobrevida geral, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta objetiva em pacientes com mCRC não-MSI-H/dMMR previamente tratados, mas não atingiu o limite pré-especificado para significância estatística.  

Referência

Kawazoe A. et al. Lenvatinib plus pembrolizumab versus standard of care for previously treated metastatic colorectal cancer (mCRC): the phase 3 LEAP-017 study. ESMO GI 2023 (Abst LBA-5).