Estudo OlympiA: Avanços na Terapia Adjuvante para Câncer de Mama HER2 Negativo - Oncologia Brasil

Estudo OlympiA: Avanços na Terapia Adjuvante para Câncer de Mama HER2 Negativo

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Olaparibe apresenta benefícios duradouros em sobrevivência livre de doença invasiva e sobrevida global   

 

O olaparibe, um inibidor de poli (adenosina difosfato–ribose) polimerase (PARP), representa um avanço significativo no tratamento de cânceres associados à deficiência de reparo por recombinação homóloga, como os tumores com mutações germinativas nos genes BRCA1 e BRCA2. Aproximadamente 5% dos pacientes com câncer de mama apresentam mutações germinativas patogênicas ou provavelmente patogênicas nesses genes, que desempenham papéis críticos na reparação de DNA. O câncer de mama associado a BRCA1 tem maior probabilidade de ser triplo negativo, enquanto as mutações em BRCA2 estão frequentemente associadas a tumores positivos para receptores hormonais. O estudo OlympiA (NCT02032823) investigou a eficácia e segurança do olaparibe como terapia adjuvante em pacientes com câncer de mama HER2-negativo de alto risco e mutações germinativas BRCA, oferecendo novos horizontes terapêuticos para essa população. 

O estudo OlympiA foi um ensaio clínico fase III, multicêntrico, randomizado e controlado por placebo, envolvendo 1.836 pacientes com câncer de mama HER2-negativo de alto risco e mutações germinativas BRCA1/BRCA2. Os participantes haviam completado quimioterapia (neo)adjuvante, cirurgia e radioterapia. Eles foram randomizados para receber 300 mg de olaparibe ou placebo, duas vezes ao dia, por um ano. O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença invasiva (IDFS), enquanto os desfechos secundários incluíram sobrevida livre de doença à distância (DDFS) e sobrevida global (OS). A análise incluiu modelos de riscos proporcionais de Cox estratificados para estimar razões de risco (HR) e intervalos de confiança de 95% (IC), com eventos monitorados durante um seguimento mediano de 6,1 anos. 

O olaparibe manteve benefícios significativos em todos os desfechos avaliados. Para a IDFS, a razão de risco foi de 0,65 (IC 95%: 0,53–0,78), com taxas de 79,6% para o grupo tratado versus 70,3% para o grupo placebo aos seis anos (diferença de 9,4%; IC 95%: 5,1–12,7%). A DDFS apresentou HR de 0,65 (IC 95%: 0,53–0,81), com taxas de 83,5% e 75,7%, respectivamente (diferença de 7,8%; IC 95%: 3,8–11,5%). Já a OS teve HR de 0,72 (IC 95%: 0,56–0,93), com taxas de 87,5% versus 83,2% (diferença de 4,4%; IC 95%: 0,9–6,7%). Além disso, o tratamento com olaparibe foi associado a uma redução de novos cânceres primários relacionados a BRCA, incluindo cânceres ovarianos, tubários e de mama contralateral. 

A toxicidade observada foi aceitável e consistente com as análises anteriores. Os eventos adversos de interesse especial foram menos frequentes no grupo tratado com olaparibe (6,3%) comparado ao placebo (9,3%), incluindo incidências de síndrome mielodisplásica ou leucemia mieloide aguda (4 vs. 6 casos). O estudo não identificou aumento de risco significativo para novos cânceres primários ou pneumonite. 

O estudo OlympiA confirma que o olaparibe oferece benefícios duradouros em termos de sobrevida livre de doença invasiva, sobrevida livre de doença à distância e sobrevida global em pacientes com câncer de mama HER2-negativo e mutações germinativas BRCA. Os dados reforçam a importância do teste genético para mutações BRCA em pacientes com alto risco, destacando o impacto clínico dessa abordagem terapêutica inovadora. 

 

Referências: 

– Garber, Judy et. al. OlympiA: A phase 3, multicenter, randomized, placebo-controlled trial of adjuvant olaparib after (neo)adjuvant chemotherapy in patients with germline BRCA1 and/or BRCA2 pathogenic variants and high risk HER2-negative primary breast cancer: longer term follow-up. San Antonio Breast Cancer Symposium, 2024. 

– Tutt, Andrew N.J. et. al. Adjuvant Olaparib for Patients with BRCA1- or BRCA2-Mutated Breast Cancer. The New England Journal of Medicine, 2021. Vol 384 No. 25. Doi: 10.1056/NEJMoa2105215. 

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