Neste vídeo, a Dra. Karine Trindade, Oncologista Clínica no Oncocentro – Hospital São Carlos e Coordenadora do Instituto de Ensino e Pesquisa Oncocentro, discute sobre os resultados do estudo PSMAfore, que avaliou a eficácia do radioligante [177Lu]Lu-PSMA-617 no tratamento de pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração previamente submetidos a uma linha prévia de antiandrogênico periférico em pacientes sem exposição à quimioterapia com taxano. Acesse e confira na íntegra!
Durante a edição de 2023 da European Society for Medical Oncology (ESMO)® foram divulgados os resultados referentes à aplicação do radioligante de terapia alvo [177Lu]Lu-PSMA-617 no tratamento de câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC, metastatic castration-resistant prostate cancer). O uso de [177Lu]Lu-PSMA-617 são conhecidos na indicação de pacientes com mCRPC que expressam o antígeno de membrana específico da próstata (PSMA, prostate-specific membrane antigen). Entretando, o estudo PSMAfore direcionou seu uso como tratamento inicial, destinado a pacientes que ainda não foram expostos a regime de quimioterapia contendo taxanos11
O câncer de próstata se origina quando células anormais se desenvolvem e proliferam na próstata. Em suas fases iniciais, o crescimento do câncer pode ser controlado mediante a regulação dos níveis de testosterona. Contudo, quando o câncer se dissemina órgãos e tecidos fora da próstata, torna-se metastático. Um dos indicadores desse crescimento é o aumento do antígeno específico PSMA nas membranas das células cancerosas, que é fortemente expresso no mCRPC. Graças à sua expressão limitada em tecidos não prostáticos, o PSMA apresenta baixa acumulação em tecidos saudáveis, reduzindo consideravelmente os eventos adversos e tornando a terapia dirigida ao PSMA segura e com baixa toxicidade. Adicionalmente, o câncer de próstata geralmente responde bem à radioterapia, tornando a utilização de um ligante radioativo de PSMA promissora na administração de doses elevadas para endoradioterapia sistêmica22.
O [177Lu]Lu-PSMA-617 é um agente de endoradioterapia sistêmica que também possibilita exames de imagem para diagnóstico e monitoramento devido a sua marcação radiológica sendo, portanto, classificado como uma terapia “teranóstica” e aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de pacientes com mCRPC que previamente utilizaram Inibidores da via do receptor de andrógeno (ARPI, androgen-receptor pathway inhibitor) e taxanos32.
O estudo PSMAfore é uma pesquisa de fase III que compara a eficácia e a segurança do [177Lu]Lu-PSMA-617 em pacientes com mCRPC que expressam o PSMA e ainda não receberam tratamento com taxanos. O ensaio incluiu 468 pacientes, que foram randomizados 1:1 para receber [177Lu]Lu-PSMA-617 ou mudança em ARPI (abiraterona/enzalutamida) após uma progressão na terapia ARPI anterior. Com uma mediana de acompanhamento de 7,3 meses (N = 467), o estudo alcançou o seu primeiro ponto de avaliação, com 156 eventos para a análise de sobrevida livre de progressão (rPFS), com um HR de 0,41 (IC 95%; 0,29; 0,56; p<0,0001).
Em uma segunda análise da sobrevivência global (OS), 123 dos 146 pacientes (45,1% dos óbitos-alvo) que progrediram no tratamento com ARPI e descontinuaram mudaram para o tratamento com [177Lu]Lu-PSMA-617, favorecendo este último no que diz respeito à sobrevida global, conforme o modelo ajustado de RPSFT. A duração da resposta (DoR) também beneficiou o [177Lu]Lu-PSMA-617, com 17,1 meses (IC 95%, 11,6, não estimável) em comparação com 10,1 meses (IC 95%, 4,6, não estimável) no grupo de controle do ARPI. Além disso, os resultados do questionário de qualidade de vida FACT-P e a taxa de resposta geral (ORR) foram avaliados e beneficiaram o tratamento com o[177Lu]Lu-PSMA-61741.
No que diz respeito à segurança, o braço dos pacientes tratados com [177Lu]Lu-PSMA-617 apresentou uma incidência de eventos adversos de grau ≥3 de 34% (com as ocorrências mais comuns sendo anemia e boca seca), em comparação com 44% no braço de ARPI. A taxa de eventos adversos graves foi de 20% no grupo [177Lu]Lu-PSMA-617, em comparação com 28% no grupo de ARPI. Além disso, 5,7% dos pacientes no grupo [177Lu]Lu-PSMA-617 descontinuaram o tratamento, em comparação com 5,2% no grupo de ARPI.
De maneira geral, os dados demonstram que [177Lu]Lu-PSMA-617 prolongou a sobrevida livre de progressão em pacientes com mCRPC com um perfil de segurança favorável51.
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