Para examinar a potencial contribuição do transplante (stem cell transplantation – SCT), um estudo apresentado no 62º Congresso Anual da ASH identificou 119 pacientes com idade ≥ 60 que receberam venetoclax e azacitidina (ven/aza) como terapia inicial para leucemia mieloide aguda (LMA) entre janeiro de 2015 e janeiro de 2020. Venetoclax e azacitidina é a preferência de tratamento inicial de pacientes com idade ≥ 60 e diagnóstico de LMA com non-core binding fator em determinadas instituições.
Em seguida, os resultados foram comparados de acordo com os critérios de elegibilidade ou inelegibilidade para SCT. Aos elegíveis, então, comparou-se os resultados daqueles que receberam ou não receberam SCT por preferência pessoal. As consultas para SCT foram geralmente realizadas dentro de dois ciclos do início de ven/aza, mas foram atrasadas em alguns pacientes que atingiram resposta completa (RC) até evidência de doença residual mensurável (DRM) persistente ou recorrente.
Entre os 119 pacientes, 61 (idade média de 76 anos) não eram candidatos ao SCT devido à idade ou comorbidades (n = 44) ou morte precoce por doença refratária primária/toxicidade aguda (n = 17). 60 pacientes eram candidatos potenciais ao SCT. Ao todo, 21 participantes com idade média de 65 foram submetidos ao SCT, dos quais dois tinham síndrome mielodisplásica (SMD) antes do desenvolvimento da LMA, sendo submetidos à consulta de SCT antes da evolução para LMA e do início do ven/aza. Para os 19 pacientes restantes, a consulta ocorreu em média 50 dias a partir do diagnóstico.
Dois pacientes tiveram recidiva após iniciar ven/aza antes do transplante. Eless foram submetidos à indução e, em seguida, passaram para o SCT. O SCT ocorreu em média 176 dias a partir do diagnóstico e em 133 dias a partir da consulta. 37 pacientes com idade média de 72 anos tiveram consultas de SCT, mas não foram submetidos ao SCT. Cinco desses pacientes tinham doença refratária e nunca alcançaram a elegibilidade para o SCT, sendo um deles considerado não candidato ao SCT devido a questões sociais e um outro paciente perdeu acompanhamento.
Os 30 pacientes restantes, com idade média de 72 anos, alcançaram uma resposta adequada para o SCT, mas optaram por adiar. Dois deles tinham SMD antes do desenvolvimento da LMA, sendo submetidos à consulta de SCT antes da evolução para LMA e do início do ven/aza. Entre os 28 pacientes que tiveram consultas de SCT após o início de ven/aza e SCT adiado, a consulta de SCT ocorreu em média 64 dias a partir do diagnóstico.
A positividade para DRM incluiu doença detectada por citogenética, FISH, citometria de fluxo ou PCR digital (ddPCR). As fontes de doadores foram cordão (n = 11), haplocord (n = 3) e doador aparentado compatível (n = 7). Os regimes de condicionamento incluíram 7 não mieloablativos, 12 de intensidade reduzida e 2 mieloablativos.
A sobrevida global (SG) foi significativamente maior entre os pacientes com SCT (mediana de sobrevida não alcançada) versus pacientes submetidos à consulta de SCT ou SCT adiado (mediana 588 dias) (p = 0,01), assim como superior em relação aos pacientes não considerados candidatos ao SCT devido à idade ou comorbidades (mediana de 291 dias) (p = <0,001). Além disso, a SG foi significativamente maior para pacientes submetidos à consulta de SCT e diferindo SCT versus pacientes não considerados candidatos ao SCT devido à idade ou comorbidades (p = 0,01).
Entre os pacientes elegíveis para SCT, mas com o SCT adiado, a SG tendeu à melhora naqueles com RC ou RCi sem DRM (n = 22, mediana 811 dias) versus pacientes cuja melhor resposta da doença continuou a incluir DRM (n = 8, mediana 443 dias) (p = 0,13). Status ELN (European LeukemiaNet) favorável (n = 10) foi associado à maior SG em comparação com intermediário ou desfavorável (n = 20) (p = 0,036, sobrevida mediana de 871 versus 443 dias). Entre os pacientes com SCT, a SG foi comparável se os pacientes foram para SCT com (n = 14) ou sem DRM (n = 7) (p = 0,49). O status ELN não afetou a SG. Apenas três pacientes tinham status favorável. A sobrevida média não foi alcançada em nenhum braço.
Os autores concluem que para pacientes elegíveis para SCT, esta terapia parece melhorar os resultados entre os pacientes que respondem ao ven/aza em comparação àqueles que adiam o SCT. Os dados preliminares sugerem que os resultados podem ser melhorados aos pacientes que vão para o transplante com DRM após a terapia inicial com ven/aza, em comparação com a indução de quimioterapia tradicional. São necessários dados contínuos para refinar ainda mais a significância da DRM, fatores prognósticos moleculares e citogenéticos e o momento ideal para SCT, bem como ferramentas padronizadas para avaliar a DRM.
Referência:
Pollyea DA, et al. Allogeneic Transplant Improves AML Outcomes Compared to Maintenance Venetoclax and Azacitidine Following Response to Initial Venetoclax and Azacitidine Therapy. Abstract 78. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.
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