A hiperexpressão de FGFR2b varia de 3% a 60% nos cânceres gástricos, dependendo do estadio do tumor e do ensaio diagnóstico realizado. Os inibidores da tirosina quinase anti-FGFR têm se mostrado ativos em cânceres associados a mutações, fusões ou translocações de FGFR
Bemarituzumabe tem como alvo seletivo e específico o FGFR2b, uma proteína que é codificada pelo gene FGFR2 o qual reside no cromossomo 10 em humanos. Em uma avaliação clínica preliminar, o anticorpo monoclonal demonstrou atividade como agente único no câncer gástrico FGFR2b-positivo fortemente pré-tratado, incluindo taxa de resposta objetiva de 18%. Os resultados apoiaram a continuidade da avaliação no estudo prospectivo e randomizado de fase II FIGHT, apresentado no Simpósio de Câncer Gastrointestinal da ASCO 2021.
Os investigadores do ensaio multicêntrico inscreveram pacientes com adenocarcinoma gástrico ou de transição esofagogástrica (TEG) localmente avançado ou metastático, negativo para amplificação de HER2, porém positivo para hiperexpressão ou amplificação de FGFR2b. Os pacientes foram randomizados para mFOLFOX6 associado a bemarituzumabe ou placebo. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelo investigador.
A análise de dados incluiu 155 pacientes randomizados. Em 83,2% destes, o status de FGFR2b foi confirmado por imuno-histoquímica (IHQ), 12,9% por IHQ mais DNA circulante tumoral (ct) e 3,9% por ctDNA.
A SLP mediana aumentou de 7,4 meses com quimioterapia isolada para 9,5 meses com bemarituzumabe. A droga apresentou maiores benefícios de SLP com o aumento da expressão de FGFR2b de acordo com uma análise de subgrupo:
A sobrevida global (SG) mediana foi de 12,9 meses com quimioterapia e ainda não alcançada naqueles que receberam bemarituzumabe mais mFOLFOX6, representando uma redução de 42% no HR (P = 0,0268).
A TRO foi de 47% com bemarituzumabe e de 33% com placebo. A duração média da resposta foi de 12,2 versus 7,1 meses com o anticorpo anti-FGFR2b e placebo, respectivamente.
Eventos adversos emergentes do tratamento (TEAEs) de grau ≥ 3 ocorreram mais frequentemente com bemarituzumabe (82,9% vs 74,0%), mas EAs graves afetaram proporções semelhantes de pacientes (31,6% vs 36,4%). Houve maior taxa de descontinuação no braço bemarituzumabe por EAs (46,1% vs 36,4%). Entre os TEAEs de grau ≥ 3, estomatite foi mais comum com bemarituzumabe (9,2% vs 1,3%). Avaliação da córnea foi necessária no início do tratamento e depois a cada 8 semanas até o final do protocolo. No geral, os EAs da córnea ocorreram em 67,1% e 10,4% nos braços de bemarituzumabe e placebo, incluindo grau 3 em 23,7% e 0%, respectivamente.
Os autores concluem que novos biomarcadores como alvos terapêuticos estão surgindo além do HER2, especialmente no cenário do câncer de estômago/TEG avançado ou metastático. Cerca de 30% dos pacientes podem apresentar FGFR2b hiperexpresso, sendo que os expressores mais altos aparentemente obtêm mais benefícios. Entretanto, 40% dos EAs com bemarituzumabe afetando a córnea não foram resolvidos, o que deve ser um alerta com o uso dessa medicação.
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