Neste vídeo, Dr. Jayr Schmidt Filho, Head da Onco-Hematologia do A.C.Camargo Cancer Center, comenta os principais pontos de destaque dos trabalhos sobre leucemia linfocítica crônica que foram apresentados no Congresso do ASH 2021, o especialista destaca trabalhos que avaliaram tratamentos de primeira ou segunda linha para LLC
Dr. Jayr comenta que o tratamento da leucemia linfocítica crônica (LLC) vem sendo bastante redesenhado nos últimos anos, sendo que cada vez mais novas terapias estão migrando para linhas mais precoces. Isso é algo que tem sido proporcionado devido ao avanço dos biomarcadores, como avaliação citogenética, status mutacional do IGVH, identificando pacientes elegíveis a esses medicamentos e norteando o sequenciamento de seus tratamentos.
Neste contexto, o estudo GLOW, um estudo internacional de fase 3, recrutou pacientes com mais de 65 anos, unfit e teve como desfecho primário a sobrevida livre de progressão (SLP), que demonstrou superioridade de ibrutinibe + venetoclax em terapia fixa, comparados ao clorambucil + obinutuzumabe (razão de risco [HR], 0,216; p <0,0001). Sobre os desfechos secundários, foram observados além de maiores taxas de resposta, uma diferença significativa em doença residual mínima (DRM), tanto quanto a profundidade quanto a duração.
CAPTIVATE é um estudo multicêntrico internacional de fase 2, de braço único, que avalia a combinação de ibrutinibe + venetoclax em primeira linha em 2 coortes: baseada em DRM e Duração Fixa (FD). No ASH 2021 foram apresentados os dados da coorte baseada em DRM, em que após 15 ciclos de tratamento, aqueles pacientes que alcançaram a DRM indetectável foram randomizados para receber ibrutinibe ou placebo. E pacientes que não apresentaram DRM indetectável, eram randomizados para ibrutinibe ou ibrutinibe + venetoclax. Não houve diferenças entre os pacientes com DRM indetectável randomizados para ibrutinibe ou placebo. Já para os pacientes com DRM positiva, os dados ainda são preliminares, mas mostram que maiores melhorias nas taxas de uMRD e taxas de resposta completa foram observadas com ibrutinibe + venetoclax do que com ibrutinibe pós-randomização.
O estudo GAIA, de fase 3, comparou três combinações finitas diferentes baseadas em venetoclax e quimioimunoterapia (FCR ou bendamustina + rituximabe) em pacientes fit e virgens de tratamento com LLC. Então, os pacientes foram randomizados para receber quimioimunoterapia (FCR para ≤65 anos; bendamustina + rituximabe [BR] para >65 anos), venetoclax e rituximabe (RVe), venetoclax e obinutuzumabe (GVe), ou venetoclax, obinutuzumabe e ibrutinibe (GIVe). O estudo ainda está em andamento, entretanto, os resultados preliminares mostram que a terapia finita com GVe e GIVe foram superiores em termos de DRM indetectável tanto no sangue periférico quanto na medula óssea em 15 meses, comparados com a quimioimunoterapia. Além disso, o status da DRM indetectável e as taxas de resposta completa foram maiores para GVe e GIVe, particularmente quando comparados com quimioimunoterapia.
SEQUOIA é um estudo de fase 3, global, aberto que randomizou pacientes virgens de tratamento com LLC/linfoma de pequenas células (LPC) sem del (17p) para receber zanubrutinibe, ou bendamustina e rituximabe (BR) (coorte 1). A taxa de fibrilação atrial foi muito baixa nesta coorte, e o zanubrutinibe mostrou melhoras significantes na SLP quando comparado com BR. Houve superioridade também nos pacientes com taxa de resposta global, e a molécula foi bem tolerada. Os dados suportam a potencial utilidade do zanubrutinibe em pacientes com LLC/LPC virgens de tratamento, em primeira linha.
No cenário de segunda linha de doença recidivada ou refratária (R/R), Dr. Jayr destaca a atualização de 3 anos do estudo ASCEND, de fase 3. Este estudo incluiu pacientes com LLC R/R que não poderiam ter doença cardiovascular significante. Os pacientes foram randomizados para acalabrutinibe em monterapia ou idelalisibe mais rituximabe (IdR) ou bendamustina mais rituximabe (BR). O estudo demonstrou que em 3 anos de acompanhamento a eficácia de acalabrutinibe em monoterapia foi mantida, demostrando uma SLP superior em comparação com a imunoquimioterapia neste grupo de pacientes. Acalabrutinibe teve um bom perfil de segurança.
O estudo VISION HO141, de fase 2, também em LLC R/R avaliou o ibrutinibe em combinação com venetoclax em tempo limitado. Pacientes que tinham DRM indetectável no fim da primeira análise do estudo eram randomizados para observação ou manutenção com ibrutinibe. Os dados do estudo ainda são muito preliminares, entretanto, o estudo demonstrou que é possível utilizar a DRM como um guia para o tratamento com ibrutinibe e venetoclax no cenário de pacientes com LLC R/R e demonstra um benefício de risco favorável, sem nenhum novo sinal de eventos adversos detectado.
O estudo BRUIN, é um estudo multicêntrico de fase 1/2 que avaliou a monoterapia com pirtobrutinibe (inibidor de BTK) oral em pacientes com LLC que receberam > 2 (até 11) linhas de terapias anteriores. O pirtobrutinibe mostrou eficácia promissora nestes pacientes, incluindo pacientes que já tinham recebido inibidores de BTK ou inibidor de BCL-2. Esta é uma medicação bem tolerada, e tem um grande potencial no tratamento de pacientes que progridem, por intolerância ou mutação, aos inibidores de BTK ou BCL-2.
Assista ao vídeo e confira a análise completa do especialista!
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