Implicação da expressão baixa da proteína HER2 (HER2-low) em tumores iniciais de mama - Oncologia Brasil

Implicação da expressão baixa da proteína HER2 (HER2-low) em tumores iniciais de mama

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Estudo apresentado no ESMO Breast Congress 2022 apresenta análise da correlação da expressão de HER2 com a expressão de receptor de estrogênio, e revela que o grupo de tumores HER2-low não é biologicamente diferente do grupo com expressão da proteína ausente (HER2-zero)

Aproximadamente 50% dos tumores de mama (TM) com expressão negativa da proteína HER-2 (HER2-zero) apresentam, na verdade, uma baixa expressão desta proteína (HER2-low). O que ainda não está claro na prática clínica é se os TM HER2-low devem ser considerados uma entidade biológica à parte do TM HER2-zero, distinta desse segundo tanto em termos de biologia quanto em termos prognósticos.  

Na última semana, no ESMO Breast Congress 2022, Paolo Tarantino apresentou dados coletados de uma base institucional incluindo pacientes com TM que foram operados no Dana-Farber Brigham Cancer Center de janeiro de 2016 a março de 2021. Os tumores retirados eram classificados como HER2-low caso apresentassem um escore de expressão proteína HER2 com base no exame de imuno-histoquímica (IHQ) de 1+ ou 2+ e teste de amplificação do gene HER2 negativa pelo método de FISH, ou como HER2-zero caso a expressão da proteína HER2 por IHQ fosse 0. Características clínico-patológicas e desfechos clínicos foram comparados entre os dois grupos.  

No total, 5.235 pacientes foram incluídos; 4.429 apresentavam expressão de receptor de estrogênio (RE) positiva, 67 apresentavam expressão de RE baixa (de 1 a 9% das células) e 739 apresentavam expressão de RE negativa. A expressão dos RE foi significativamente mais comum dentre os pacientes HER2-low comparados com os pacientes HER2-zero (89,9% vs. 80,9%, p < 0,001). Quando avaliada como uma variável continua, a expressão do RE foi significativamente associada a expressão da proteína HER2 (p < 0,001), e a taxa de tumores HER2-low aumentou significativamente com o aumento da expressão do RE.  

Dentre os pacientes que receberam quimioterapia neoadjuvante (N = 657), os HER2-zero apresentaram maior taxa de resposta patológica completa quando comparados com os HER2-low (27% vs. 17%, p = 0,002). No entanto, essa diferença perdeu poder estatístico quando foi realizada uma análise distinguindo os subgrupos com expressão de RE positiva (8% vs. 14%, p = 0,078), expressão de RE baixa (25% vs. 38,9%, p = 0,46), expressão de RE negativa (6,9% vs. 10,4%, p = 0,277) e tumores com expressão triplamente negativa (30,8% vs. 35,4%, p = 0,40). Nenhuma diferença em termos de sobrevida livre de progressão (SLP) ou sobrevida global (SG) foi observada entre os pacientes com TM com expressão positiva de RE ou com expressão triplamente negativa a depender do status de expressão HER2 (zero vs. low). 

Como conclusão, os resultados apresentados não suportam a interpretação dos TM HER2-low como um subgrupo biológico distinto, pois a expressão da proteína HER2 se mostrou associada de forma contínua com o nível de expressão do RE. Além disso, pelo fato de o grupo de tumores HER2-zero ser enriquecido com tumores com expressão baixa de RE, a análise de prognóstico desses pacientes também pode ser influenciada negativamente.   

 

Referências: 

Annals of Oncology (2022) 33 (suppl_3): S123-S147. 10.1016/annonc/annonc888