Em uma análise pan-cancer, 8% dos pacientes com câncer avançado possuíam uma mutação germinativa acionável por meio de medicações
Escrito por Dr. Marcello Moro Queiroz
Recentemente, o periódico Journal of Clinical Oncology da ASCO publicou um trabalho sobre a importância da testagem germinativa em neoplasias avançadas. Foi ressaltado como o perfil mutacional tumoral vem sendo cada vez mais realizado em pacientes nesse cenário, motivo pelo qual o estudo tenta determinar se a extensão da análise germinativa pode guiar as opções terapêuticas nesses mesmos pacientes.
Avaliou-se de forma prospectiva pacientes que foram submetidos à testes germinativos entre os anos de 2015-2019. Nos que possuíam alterações germinativas provavelmente patogênicas ou patogênicas (PP/P), a acionabilidade terapêutica foi classificada de acordo com o conhecimento atual de oncologia de precisão.
Entre os 11.947 pacientes com mais de 50 tipos de neoplasias, 17% (n=2037) possuíam uma mutação germinativa PP/P. De acordo com o conhecimento atual, 9% (n=1042) possuíam variantes PP/P em um gene com implicação terapêutica (4% nível 1, 4% nível 3B, <1% nível 4). Variantes em BRCA1/2 foram responsáveis por 42% das alterações acionáveis, seguidas por CHEK2 (13%), ATM (12%), genes da deficiência de enzimas de reparo do DNA (dMMR) (11%) e PALB2 (5%).
Quando avaliado os 9.079 pacientes com câncer metastático ou recorrente, 8% (n=710) possuíam alterações genéticas nível 1 ou 3B e 3.2% (n=289) receberam terapia alvo direcionada à alteração germinativa.
Terapia alvo à alteração germinativa foi utilizada em 61% e 18% dos pacientes com câncer metastático e mutações nível 1 e 3B, respectivamente, e para 54% de portadores de BRCA 1/2, 75% de dMMR, 43% PALB2, 35% RAD51C/D, 24% BRIP1 e 19% ATM. Dos pacientes com BRCA 1/2 recebendo inibidores da poli (ADP-ribose) polimerase, 45% (84 de 188) possuíam tumores não mama ou ovário, sítios para os quais esta medicação só é vista em cenário investigativo (até o momento da realização do estudo).
Como conclusão, os autores afirmam que nesta análise pan-cancer, cerca de 8% dos pacientes com câncer avançado possuíam uma mutação germinativa terapeuticamente acionável, com cerca de 40% destes pacientes recebendo algum tipo de terapia alvo. Reafirmam que o sequenciamento germinativo é uma adição importante à análise somática e deveria ser considerada em todos os pacientes com neoplasias avançadas.
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