Dr. Angelo Maiolino, professor de hematologia na UFRJ e coordenador de hematologia do Américas Centro de Oncologia, no Rio de Janeiro, comentou no IV ECIP Virtual sobre a abordagem dos pacientes com mieloma múltiplo nas situações de recidiva ou refratariedade.
De acordo com o hematologista, é essencial considerar aspectos relacionados à doença e ao paciente na tomada de decisão terapêutica. O tratamento de recidiva em um paciente mais idoso, mais frágil e com muitas comorbidades é totalmente diferente do tratamento de recidiva em um paciente mais jovem e em bom estado de saúde geral, por exemplo.
Outro importante ponto para traçar a melhor estratégia é avaliar o tratamento do paciente nas linhas anteriores e quais respostas foram obtidas. Há, segundo o médico, um grupo de pacientes refratários à lenalidomida – utilizada continuamente cada vez mais em primeira linha na manutenção pós-transplante – que deve receber um tratamento diferenciado. Para os pacientes que não utilizaram anticorpo anti-CD38 na linha anterior e para os que não progrediram após seu uso, a opção terapêutica com inibidor de proteasoma em combinação com este anticorpo parece ser fundamental.
A combinação de daratumumabe + carfilzomibe + dexametasona já está aprovada e, em breve, a combinação de isatuximabe + carfilzomibe + dexametasona também estará disponível para esse cenário de pacientes.
Dr. Angelo Maiolino falou ainda sobre as combinações com pomalidomida, mais uma alternativa para esse grupo de pacientes refratários à lenalidomida. Isatuximabe + pomalidomida + dexametasona já estão aprovadas nos Estados Unidos, com base nos resultados do estudo ICARIA-MM.
Já para aqueles não refratários, as combinações com três drogas (triplets) são as mais adequadas:
Para os pacientes mais frágeis, ressalta o especialista, seria interessante utilizar uma combinação de drogas orais, com destaque para o ixazomibe, inibidor de proteassoma, combinado com a lenalidomida e com a dexametasona.
Dr. Maiolino concluiu que a incorporação de novos fármacos, principalmente para as primeiras linhas de tratamento, tem tido bastante sucesso, o que torna ainda mais importante a inclusão de pacientes recidivados em estudos clínicos, particularmente os que fizeram uso de anti-BCMA, como belantamabe mafodotin, droga já aprovada nos EUA e utilizada em diversos ensaios clínicos em andamento no Brasil. Ele lembra, por fim, que CAR T–cells é uma estratégia muito promissora para esse grupo de pacientes e especialistas esperam em breve a chegada da modalidade no país.
Referência:
Attal M, Richardson PG, Rajkumar SV, San-Miguel J, Beksac M, Spicka I, et al. Isatuximab plus pomalidomide and low-dose dexamethasone versus pomalidomide and low-dose dexamethasone in patients with relapsed and refractory multiple myeloma (ICARIA-MM): a randomised, multicentre, open-label, phase 3 study. Lancet. 2019; 394:2096–107.
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