Estudo de fase III randomizado aponta benefício de esquema quimioterápico contendo 03 drogas (docetaxel, cisplatina e 5-FU) no tratamento neoadjuvante de pacientes com CEC de esôfago localmente avançado
É de comum senso que o tratamento neoadjuvante é considerado padrão para pacientes com tumores de células escamosas (CEC) de esôfago, localmente avançados. O estudo multicêntrico JCOG1109 NExT, apresentado no 2022 ASCO® Gastrointestinal Cancers Symposium, comparou tratamento de quimioterapia com duas drogas versus quimioterapia com três drogas versus quimio-radioterapia nesse cenário.
Foram incluídos no estudo pacientes com CEC de esôfago estadios clínicos IB, II e III (excluindo tumores T4). Os pacientes foram randomizados em uma razão de 1:1:1 para receber quimioterapia neoadjuvante com esquema CF (cisplatina 80 mg/m2 no dia 1 e 5-FU 800 mg/m2 nos dias 1 a 5 a cada 03 semanas por 02 ciclos), DCF (docetaxel 70 mg/m2 no dia 1, cisplatina 70 mg/m2 no dia 1 e 5-FU 750 mg/m2 nos dias 1 a 5 a cada 03 semanas por 03 ciclos) ou CF-RT (cisplatina 75 mg/m2 no dia 1 e 5-FU 1000 mg/m2 nos dias 1 a 4 a cada 04 semanas por 02 ciclos associado a radioterapia com dose total de 41,4 Gy dividida em 23 frações). O desfecho primário do estudo era sobrevida global (SG) na população por intenção de tratar, e análises secundárias incluíam sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de ressecção R0, taxa de resposta objetiva (TRO), taxa de resposta patológica completa (pCR) e segurança.
Dos 601 pacientes incluídos no estudo, 88,2% eram homens e tinham idade mediana de 65 anos. Pacientes com doença estadio clínico III representavam 62,6% da amostra. Após a randomização, 199 pacientes receberam tratamento com esquema CF, 202 com esquema DCF e 200 receberam quimio-radioterapia com esquema CF-RT. O tempo médio de seguimento da população foi de 4,2 anos. A mediana de SG nos pacientes que receberam CF e CF-RT foi de 4,6 e 6,0 anos respectivamente. A mediana de SG para o esquema DCF não foi atingida. A taxa de sobrevida em 03 anos para os esquemas CF, DCF e CF-RT foi de 62,6%, 72,1% e 68,3% respectivamente (p = 0,006 e HR 0,68 para DCF vs. CF e p = 0.12 e HR 0,84 para CF-RT vs. CF).
Em relação aos desfechos secundários, a mediana de SLP para CF e CF-RT foi de 2,7 e 5,3 anos respectivamente. A mediana de SLP para o esquema DCF não foi atingida. A taxa de SLP em 03 anos para os esquemas CF, DCF e CF-RT foi de 47,7%, 61,8% e 58,5% respectivamente. Ressecção R0 foi atingida em 168 (84.4%), 173 (85.6%), and 175 (87.5%) dos pacientes que receberam CF, DCF e CF-RT e a taxa de pCR foi de 4 (2.1%), 40 (19.8%), e 77 (38.5%) para os 03 esquemas respectivamente. A taxa de neutropenia febril para os pacientes que receberam CF, DCF e CF-RT foi de 1,0%, 16,3% and 4,7%, e esofagite de grau 3 ou maior ocorreu em 1,0%, 1,0% e 8,9% dos pacientes respectivamente. Mortes relacionadas ao tratamento ocorreram em 3 (1,5%), 4 (2,0%) e 2 (1,0%) dos pacientes expostos aos esquemas CF, DCF e CF-RT.
Em conclusão, DCF foi o esquema que trouxe incremento em SG em relação ao esquema CF, devendo ser um esquema neoadjuvante a ser considerado para pacientes com CEC de esôfago localmente avançado.
Referências:
A randomized controlled phase III trial comparing two chemotherapy regimen and chemoradiotherapy regimen as neoadjuvant treatment for locally advanced esophageal cancer, JCOG1109 NExT study. Disponível em https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/204507.
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