A oncologista clínica do Grupo Oncoclínicas RJ e membro do LACOG GU, Dra. Mariane Fontes, falou no ESMO Congress 2019 sobre dois estudos focados na avaliação de estratégias pós-prostatectomia apresentados na sessão de tumores geniturinários.
Pacientes com câncer de próstata cuja doença permanece após prostatectomia radical são, muitas vezes, submetidos a duas possíveis rotas de tratamento radioterápico: a radioterapia de salvamento (RTS) ou a radioterapia adjuvante (RTA).
O primeiro estudo comentado pela Dra. Fontes, o RADICALS, comparou ambos os tipos de radioterapia para pacientes de alto risco, com doença classificada como T3 ou T4, alta expressão de PSA pré-operatório (>10 ng/mL) e margem positiva.
Após constatação da ocorrência pós-operatória de dois aumentos consecutivos dos níveis de PSA resultando em níveis superiores a 0,1 ng/mL, ou três aumentos consecutivos mesmo com níveis inferiores a 0,1 ng/mL, os pacientes foram randomizados para receber um dos dois tipos de radioterapia.
O endpoint primário do estudo, a sobrevida livre de metástase, ainda não pôde ser avaliado, portanto discutiram-se na ESMO alguns dos endpoints secundários do estudo, incluindo a sobrevida livre de progressão bioquímica e o tempo livre de terapia hormonal, além dos dados de segurança.
Tanto o tempo livre de terapia hormonal quanto a sobrevida livre de progressão bioquímica foram similares entre os braços, mas os dois tipos de radioterapia diferiram entre si no que diz respeito à segurança de uso. A RTA teve maior ocorrência de eventos adversos em relação à RTS. A maior toxicidade do tratamento adjuvante se apresentou principalmente no trato urinário e gastrointestinal.
O segundo estudo comentado pela Dra. Fontes foi o ARTISTIC, meta-análise baseada nos estudos GETUG-AFU 17 (NCT00667069), RAVES (NCT00860652) e o RADICALS (ISRCTN40814031) citado acima. O ARTISTIC chegou a conclusões a respeito da eficácia dos dois tipos de radioterapia para pacientes com câncer de próstata local. Utilizando métodos de meta-análise adaptativa (FAME), o grupo que conduziu o estudo conseguiu antecipar 240 eventos entre os três ensaios, com 90% de poder estatístico para detecção de uma diferença de 5% na sobrevida livre de eventos (SLE) em 5 anos.
Dados dos 1074 pacientes dos três ensaios foram randomizados para RTA e 1077 para RTS. Os pacientes tinham idade mediana de 65 anos e 77% destes possuíam um score de Gleason de 7. O follow-up mediano variou entre 47 e 61 meses.
A metanálise foi feita com base em 245 eventos dos três estudos, a maioria dos quais consistia em falha bioquímica. Os resultados chegaram a uma diferença absoluta potencial de 1% na SLE em cinco anos (IC 95%: 2% em favor da RTA a 4% em favor da RTS).
Apesar de apresentarem resultados similares para SLE, a diferença entre a RTS e a RTA tende a favorecer a primeira, que tem a vantagem adicional de poupar os pacientes de rotinas de radioterapia de maior toxicidade, conforme já concluído pelo RADICALS.
O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais
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