Dra. Renata D’Alpino, oncologista clínica do Centro Paulista de Oncologia e Diretora Científica do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG), comentou, neste vídeo, o trabalho que buscou avaliar a abordagem ideal, com intuito curativo, para o tratamento do adenocarcinoma localmente avançado do esôfago e junção esôfago-gástrica
Durante o Congresso Mundial da ASCO 2021, foram apresentados os dados preliminares do Neo-AEGIS (NCT01726452), um ensaio clínico de fase III, randomizado, aberto e multicêntrico, que comparou o esquema CROSS versus quimioterapia perioperatória (protocolo MAGIC modificado ou FLOT) em pacientes com adenocarcinoma do esôfago ou da transição esofagogástrica (TEG).
Ao todo, 377 pacientes com tumor cT2-3N0-3M0 foram aleatoriamente designados para CROSS ou quimioterapia peri-operatória (ECF / ECX / EOF / EOX pré-2018 ou FLOT a partir de 2019). O desfecho primário foi a sobrevida global (SG). O estudo inicialmente se baseou em um cálculo de superioridade de 10% de poder a favor de CROSS. Isso foi modificado após a primeira análise de futilidade (70 eventos) para uma margem de não inferioridade de 5%. Os desfechos secundários incluíram toxicidade, medidas patológicas de resposta e complicações pós-operatórias, de acordo com as definições do Grupo de Consenso de Complicações Esofágicas (ECCG) e grau de gravidade de Clavien-Dindo.
Resultados:
Dos 362 pacientes avaliáveis (178 CROSS; 184 MAGIC + FLOT [157 e 27, respectivamente]), 90% eram do sexo masculino, idade mediana de 64 anos, 84% tinham tumor cT3 e 58% tinham cN1. Em uma média de acompanhamento de 24,5 meses, na segunda análise de futilidade (60% dos eventos planejados), houve 143 mortes, sendo 70 no braço CROSS e 73 no MAGIC/FLOT, com probabilidade estimada de sobrevida em 3 anos de 56% (IC 95% 47 – 64) e 57% (IC 95% 48 – 65), respectivamente (HR 1,02; IC 95% 0,74-1,42). Com base na ausência de futilidade evidenciada nestes dados, recomendou-se, portanto, o fechamento do recrutamento em dezembro de 2020.
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