Novo regime sem quimioterapia contra leucemia linfocítica crônica - Oncologia Brasil

Novo regime sem quimioterapia contra leucemia linfocítica crônica

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O padrão atual do tratamento de pacientes com leucemia linfocítica crônica (LLC) requer administração contínua por longo tempo, muitas vezes indefinidamente. Uma nova alternativa é a combinação de venetoclax e obinutuzumabe, por meio da qual o tratamento é concluído em 12 meses.

O estudo com os resultados foi apresentado na edição deste ano da reunião anual da European Hematology Association (EHA), entre 13 e 16 de junho, em Amsterdã. Os resultados completos foram publicados no dia 6 de junho, no New England Journal of Medicine, e mostraram que a combinação resultou em melhora na sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação com o padrão de tratamento (obinutuzumabe combinado com clorambucil) para uma população difícil de tratar.

“Nós mostramos que a terapia venetoclax-obinutuzumabe de duração fixa pode ser administrada com segurança a pacientes idosos com LLC e comorbidades relevantes sem novas toxicidades e sem aumento de toxicidades conhecidas”, disse no evento Kirsten Fischer, do Centro de Oncologia Integrada Aachen-Bonn-Colônia-Dusseldorf, parte do Hospital Universitário de Colônia e da Universidade de Colônia, na Alemanha.

“O padrão atual de tratamento para esses pacientes é quimioimunoterapia de duração fixa ou, mais recentemente, terapia direcionada indefinida contínua, e é por isso que decidimos desenvolver uma nova abordagem que tenha duração fixa e direcionada”, explicou Fischer.

O estudo CLL14 envolveu 432 pacientes não tratados previamente que foram aleatoriamente designados para receber a combinação do venotoclax  com obintuzumabe ou clorambucil e obintuzumabe. A mediana de idade dos envolvidos foi de 72 anos, a pontuação mediana da escala cumulativa de doença foi 8, o que é consistente com a população geral de pacientes com LLC. A mediana do clearance de creatinina para esses pacientes foi de 66,4 mL/min.

No seguimento de 24 meses, a SLP para os pacientes que receberam venetoclax mais obinutuzumabe foi de 88,2% versus 64,1% para  clorambucil mais obinutuzumabe (hazard ratio [HR], 0,35; .0001). Melhorias na SLP foram observadas mesmo em subgrupos com status de imunoglobulina variável de cadeia pesada não mutada (IGHV).

“Esse benefício na SLP também é encontrado em todos os subgrupos relevantes, incluindo pacientes com status inalterado IGHV, em comparação ao grupo clorambucil, indicando que esta terapia foi capaz de superar o risco adverso do estado de IGHV”, disse Fischer.

Dos pacientes do grupo venetoclax-obinutuzumabe, 76% apresentaram DRM negativo, com base nos resultados do ensaio ASO-PCR (reação em cadeia da polimerase-oligonucleotídeo específica do alelo), no sangue periférico, três meses após o término do tratamento. Para os pacientes do grupo de comparação, a taxa de DRM no sangue periférico foi de 35% (P <0,0001). Para a medula óssea, a taxa de DRM foi de 57% para o grupo venetoclax-obinutuzumabe, contra 17% no grupo de comparação (P <0,0001).

Dos pacientes que receberam venetoclax-obinutuzumabe, 75% foram negativos para MRD em relação ao sangue periférico e à medula óssea. No grupo de comparação, foram 49%. As taxas de negatividade de MRD foram mantidas em 81% do grupo venetoclax-obinutuzumabe 12 meses após a conclusão do tratamento, em comparação com 27% no grupo clorambucil-plus-obinutuzumabe (HR para conversão MRD, 0,19). “O que é mais importante e notável para mim é que esses resultados são vistos com apenas uma terapia de duração fixa de 12 meses e, portanto, atinge a maior taxa de respostas negativas para DRM observadas em um estudo clínico randomizado até agora”, evidenciou Fischer. Ao contrário dos achados de estudos anteriores, a combinação venetoclax-obinutuzumabe não foi associada a um risco aumentado de síndrome de lise tumoral.

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