Papel do TMB na predição de resposta a imunoterapia no câncer de pulmão - Oncologia Brasil

Papel do TMB na predição de resposta a imunoterapia no câncer de pulmão

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O Dr. Gilberto de Castro, oncologista clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e do Hospital Sírio-Libanês e presidente do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), comenta trabalhos que avaliaram o papel da carga mutacional tumoral (TMB, do inglês tumor mutational burden) como biomarcador de resposta a imunoterapia em câncer de pulmão de células não pequenas metastático (CPCNPm). Os resultados foram apresentados no ESMO Congress 2019, congresso da European Society of Medical Oncology, que ocorre em Barcelona, de 27 de setembro a primeiro de outubro.

O primeiro trabalho, apresentado pelo Dr. Herbst, da Yale University, utilizou-se de sequenciamento de exoma completo (WES, do inglês whole exome sequencing), para mensurar a TMB tecidual (tTMB) de uma coorte de pacientes dos estudos KEYNOTE-010 e KEYNOTE-042. Esses pacientes apresentavam CPCNPm e foram tratados, em segunda ou primeira linha, com pembrolizumabe ou quimioterapia (QT).

A análise combinada dessas populações evidenciou que, estabelecendo-se como ponto de corte para tTMB o valor de 175 mutações/exoma, era possível prever maior benefício com imunoterapia nos pacientes com tTMB > 175 mut/exoma, tanto em taxa de resposta (TR) quanto em sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG), independente da expressão do correceptor imune programmed death ligand 1 (PD-L1).

Essa correlação não foi vista para os pacientes tratados com QT. O oncologista lembrou que, no caso dos pacientes do KEYNOTE-042, não houve ganho significativo em sobrevida com uso de pembrolizumabe, para aqueles que apresentavam expressão de PD-L1 por TPS entre 1% e 49%, e apontou que, nesse subgrupo, o uso da tTMB pode auxiliar na seleção de pacientes para tratamento com agente anti-PD1 em monoterapia.

Além disso, um segundo trabalho, apresentado na mesma sessão oral, também avaliou tTMB determinado por WES em pacientes com CPCNPm, porém oriundos dos estudos KEYNOTE-021/189/407, nos quais esses indivíduos foram tratados com combinações de quimioterapias baseadas em platina, associadas ou não a pembrolizumabe, em primeira linha.

Novamente o valor de corte para tTMB utilizado foi o de 175 mut/exoma, no entanto, nessa análise, não foi possível observar correlação entre tTMB > 175 e maior benefício da combinação de QT + imunoterapia ou da QT isolada.

O Dr. Gilberto ressaltou, por fim, que, apesar das análises serem retrospectivas, a tTMB pode ser um biomarcador interessante na predição de eficácia de imunoterapia isolada, para pacientes com PD-L1 > 1%, não parecendo ser benéfica, contudo, para utilização em pacientes que receberão terapia combinada com anti-PD1 e QT.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais.

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