O câncer de esôfago é uma doença com alta taxa de mortalidade e poucas opções de tratamento em primeira linha além da quimioterapia
O desfecho primário do estudo KEYNOTE-590 foi alcançado quando a combinação de pembrolizumabe mais quimioterapia aumentou a sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de progressão (SLP) como tratamento inicial em pacientes com câncer de esôfago localmente avançado ou metastático durante uma análise interina.
A notícia foi anunciada em um comunicado à imprensa pela indústria que produz o pembrolizumabe e, de acordo com o Comitê Independente de Monitoramento de Dados, os resultados foram estatisticamente e clinicamente significativos. Além disso, a taxa de resposta objetiva (TRO) também foi relevante e o perfil de segurança observado foi consistente com uma análise anterior do KEYNOTE-590.
Diante de tais resultados positivos, os dados serão apresentados no próximo Congresso Virtual 2020 da ESMO e espera-se que as autoridades reguladoras sejam envolvidas o mais rápido possível, segundo os pesquisadores.
KEYNOTE-590 é um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, de fase 3 que investiga a eficácia e segurança de pembrolizumabe mais quimioterapia (cisplatina + 5-FU) em comparação com placebo mais quimioterapia em 749 pacientes com carcinoma esofágico localmente avançado ou metastático (NCT03189719). A duração da resposta e a segurança são dois desfechos secundários adicionais do estudo.
Os pacientes no braço pembrolizumabe receberam 200 mg no dia 1 de cada ciclo de 3 semanas, por até 35 ciclos. A cisplatina em ambos os braços é administrada a 50 mg/m² no dia 1 de cada ciclo de 3 semanas por até 6 ciclos, e 5-FU na dose de 800 mg/m²/dia nos dias 1 ao 5 de cada ciclo de 3 semanas por até 35 ciclos.
Anteriormente, o pembrolizumabe em combinação com quimioterapia já havia demonstrado benefício de SG em pacientes com câncer de esôfago avançado ou metastático com expressão PD-L1 no KEYNOTE-181. Nesse estudo de fase 3, 628 pacientes acompanhados por uma média de 7,1 meses no braço pembrolizumabe e 6,9 meses no braço apenas com quimioterapia, apresentaram SG mediana de 9,3 meses (IC 95%: 6,6-12,5) versus 6,7 meses (IC 95%: 5,1-8,2), respectivamente (HR 0,69; IC 95%: 0,52-0,93; P = 0,0074). A SG de 1 ano observada com pembrolizumabe foi de 43% em comparação com 20% com a quimioterapia isolada.
Notavelmente, na coorte de pacientes com carcinoma de células escamosas, a melhora de SG foi clinicamente significativa em 8,2 meses (IC 95%: 6,7-10,3) no braço de pembrolizumabe mais quimioterapia versus 7,1 meses (IC 95%: 6,1-8,2) no braço de quimioterapia sozinha, mas o benefício de SG não atendeu ao requisito de significância estatística (HR 0,89; IC 95%: 0,75-1,05; P = 0,0560).
Nenhuma significância estatística foi observada em termos de SG na população com intenção de tratar, em que a SG mediana foi de 7,1 meses em ambos os braços (HR 0,89; IC 95%: 0,75-1,05; P = 0,0560).
Em termos de segurança, os eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAEs) foram relatados em 64,3% dos pacientes no braço do pembrolizumabe contra 86,1% daqueles no braço apenas com quimioterapia. Os EA mais comuns no grupo pembrolizumabe foram fadiga (11,8%), hipotireoidismo (10,5%), diminuição do apetite (8,6%), astenia (7,0%), náusea (7,0%) e diarreia (5,4%). Também foram observados TRAEs de grau 3 a 5 em 18,2% dos pacientes que receberam pembrolizumabe e 40,9% daqueles que receberam apenas quimioterapia. Morte por TRAEs ocorreu em cinco pacientes no geral.
O KEYNOTE-590 – que deve ser concluído em abril de 2021 – expande os dados do KEYNOTE-181 trazendo a combinação para o cenário de tratamento em primeira linha.
Para o câncer de esôfago, o pembrolizumabe é aprovado pelo FDA e também na China, em monoterapia para o tratamento de segunda linha de pacientes com carcinoma de células escamosas localmente avançado ou metastático recorrente cujos tumores expressam PD-L1 com uma pontuação positiva combinada (CPS) ≥10.
Referências:
https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT03189719
Kojima T, Muro K, Francois E, et al. Pembrolizumab versus chemotherapy as second-line therapy for advanced esophageal cancer: Phase III KEYNOTE-181 study. J Clin Oncol. 2019;37 (suppl 4; abstr 2).
Kato, K et al. KEYNOTE-590: Phase III study of first-line chemotherapy with or without pembrolizumab for advanced esophageal câncer, Future Oncol. 2019; 15(10): 1057-1066
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.