Análises primárias da Parte B do estudo de fase III CheckMate 914 demonstraram que a monoterapia com nivolumabe versus placebo em pacientes com carcinoma de células renais localizado com alto risco de recidiva após nefrectomia não atingiu o desfecho primário de sobrevida livre de doença durante o acompanhamento de 27 meses. Não houve diferença na probabilidade de sobrevida livre de doença com nivolumabe versus placebo calculada pelos pesquisadores.
No Simpósio ASCO GU 2024® o Dr. Robert J. Motzer do Memorial Sloan Kettering Cancer Center apresentou as análises primárias da segunda parte do estudo CheckMate 914 (NCT03138512)[1]. Este é um ensaio de fase III, randomizado, duplo-cego, multicêntrico, que compreende duas partes: a Parte A compara nivolumabe (NIVO) e ipilimumabe (IPI) adjuvantes versus placebo (PBO), enquanto a Parte B compara monoterapia com NIVO adjuvante versus NIVO+IPI versus PBO em pacientes com carcinoma de células renais (CCR) localizado, com alto risco de recidiva pós-nefrectomia.
Os resultados da Parte A o CheckMate 914 aos 37,0 meses de acompanhamento mediano do estudo (intervalo, 15,4 – 58,0) foram publicados em fevereiro de 2023 na revista The Lancet e demonstraram que a terapia adjuvante com NIVO + IPI não melhorou sobrevida livre de doença quando comparado com o PBO em pacientes com CCR localizado com alto risco de recorrência após nefrectomia [2].
Na apresentação do ASCO GU 2024, Dr. Motzer concentrou-se nos primeiros resultados da Parte B do estudo, que incluiu pacientes submetidos à nefrectomia radical ou parcial com margens cirúrgicas negativas, entre 4 e 12 semanas antes da randomização; com histologia celular predominantemente de células claras (com ou sem características sarcomatoides); estágio patológico TNM T2a (grau 3/4) N0M0, T2b-T4 (qualquer G) N0M0 ou qualquer T (qualquer G) N1M0; e nenhuma evidência de doença residual ou metástases à distância (M0). Os pacientes foram randomizados 2:1:1 para NIVO (240 mg a cada 2 semanas × 12) + IPI PBO; NIVO (240 mg a cada 2 semanas × 12) mais IPI (1 mg/kg a cada 6 semanas × 4), ou PBO correspondente e estratificado por estadio patológico TNM e tipo de nefrectomia.
O tratamento foi planejado para 24 semanas (aproximadamente 5,5 meses) ou até recorrência da doença/toxicidade inaceitável. O desfecho primário para a Parte B foi a sobrevida livre de doença (SLD) por revisão central independente cega (BICR) para monoterapia NIVO vs PBO. Os desfechos secundários incluíram segurança da monoterapia com NIVO.
Os autores randomizaram 619 pacientes para monoterapia com NIVO (n = 411) ou PBO (n = 208). Com acompanhamento médio de 27,0 meses (variação de 18,0 a 42,4), o desfecho primário de eficácia de SLD por BICR com monoterapia com NIVO versus PBO não foi alcançado (HR: 0,87; IC95%, 0,62 – 1,21; P = 0,3962). A SLD mediana não foi alcançada em nenhum dos braços; as probabilidades de SLD foram de 83,3% vs 78,2% (aos 12 meses) e 78,4% vs 75,4% (aos 18 meses), respectivamente. O HR para SLD por análise do investigador foi de 0,80 (IC95% 0,58 – 1,12; P = 0,1936). A duração média do tratamento (Q1, Q3) foi de 5,1 (5,1 – 5,3) meses com monoterapia com NIVO e 5,1 (5,1 – 5,2) meses com PBO.
Eventos adversos (EAs) relacionados ao tratamento de qualquer grau foram relatados em 72,5% versus 51,7% dos pacientes tratados com monoterapia com NIVO (n = 408) versus PBO (n = 207), e EAs relacionados ao tratamento de graus 3–4 foram relatados em 8,8% vs 1,9%, respectivamente. EAs relacionados ao tratamento de qualquer grau levaram à descontinuação em 9,6% e 1,0% dos pacientes nos braços de monoterapia NIVO e PBO, respectivamente.
Mediante aos resultados obtidos, os autores concluíram nessa primeira análise da Parte B do CheckMate 914 que a monoterapia com nivolumabe versus placebo em pacientes com carcinoma de células renais localizado com alto risco de recidiva após nefrectomia não atingiu o desfecho primário de sobrevida livre de doença. A segurança da monoterapia com nivolumabe foi consistente com o seu perfil conhecido no carcinoma de células renais avançado.
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