Qualidade de vida no paciente com leucemia linfoide crônica - Oncologia Brasil

Qualidade de vida no paciente com leucemia linfoide crônica

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Neste vídeo, Dra. Lisa Ricci, Médica Hematologista do Instituto de Oncologia de Sorocaba, comenta sobre dados de uma análise do estudo ECOG-ACRIN E1912, que foram apresentados no ASH 2021, abordando a qualidade de vida no paciente com leucemia linfoide crônica

O estudo clínico ECOG-ACRIN (E1912) de fase 3, publicado na NEJM em 2019, estabeleceu a terapia com ibrutimabe e rituximabe (IR) como primeira linha de tratamento para pacientes com LLC ≤ 70 anos por melhorar a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG), em comparação com o tratamento padrão anterior de quimioimunoterapia com fludarabina, cyclophosphamida e rituximabe (FCR). No desfecho secundário desse estudo foi avaliada a qualidade de vida na comparação entre uso contínuo de IR vs terapia com FCR limitada por tempo, devido aos perfis diferentes de toxicidade dos esquemas terapêuticos a curto e longo prazos. Os resultados dos desfechos reportados pelos pacientes (PRO) foram apresentados no ASH 2021.  

Os pacientes incluídos no estudo E1912 completaram o questionário Functional Assessment of Cancer Therapy-General (FACT-G) e subescala de leucemia no baseline de randomização e nos 3, 6 e 12 meses pós randomização e mensalmente por 2 anos independente do status de doença. O desfecho primário foi o index com 31 itens FACT-Leu TOI, calculado pela soma dos itens do FACT-G de bem-estar físico (PWB), bem-estar funcional (FWB) e subescala de leucemia (escore de 0 a 124).  

Os dados reportados pelos pacientes (PRO) foram coletados em 08/03/2021. Os dados PRO foram fornecidos no baseline e aos 12 meses para 65,8% dos pacientes no braço IR e 67,4% dos pacientes no braço FCR. No registro dos pacientes, não houve diferenças significativas nas pontuações FACT-Leu TOI (média ± DP) entre os dois braços: IR (93,27 ± 1,03) vs FCR (92,68 ± 1,38; p = 0,73). Houve melhora no escore de FACT-Leu TOI desde o baseline até 12 meses em ambos os braços. Quanto ao desfecho primário, as mudanças de escores desde o baseline até 12 meses não apresentaram diferenças significativas entre IR (7,59 ± 1,09) vs FCR (8,22 ± 1,44; p = 0,73).  

Alterações no FACT-Leu TOI desde o baseline até 3 meses (p = 0,22) e do baseline até 6 meses (p = 0,50) nos braços IR e FCR não apresentaram diferenças significativas. Após os primeiros 6 meses de tratamento, a melhora nas pontuações FACT-Leu TOI foi observada em ambos os braços do estudo. Não houve diferença significativa na pontuação total do FACT-Leu TOI nos braços de terapia contínua (IR) versus terapia limitada por tempo (FCR) nos primeiros 36 meses após o registro. 

A análise das subescalas do FACT mostrou que o PWB melhorou no braço IR (0,37 ± 0,22) e diminuiu no braço FCR (-0,92 ± 0,39) desde o início até 3 meses (p = 0,004 para a diferença na mudança de PWB entre os braços), mas não houve diferença significativa entre os dois braços para mudança nas pontuações PWB desde o baseline até 6 e 12 meses. Não houve diferenças significativas entre os dois braços para mudança nas subescalas FWB e FACT-Leu desde o início até 3, 6 e 12 meses. 

A partir destes dados, pode-se concluir que há melhora da qualidade de vida em pacientes com LLC abaixo de 70 anos utilizando IR ou FCR como primeira linha de tratamento. A melhora na qualidade de vida é mantida durante a terapia contínua com ibrutinibe e não houve declínio significativo ao longo do tempo. Dada a melhora em SLP e SG com IR sobre FCR, observada em ECOG-ACRIN, os resultados desta análise apoiam o uso de ibrutinibe e rituximabe como primeira linha de tratamento em pacientes com LLC mais jovens sem tratamento prévio.  

Vale a pena assistir ao vídeo e conferir o conteúdo completo! 


Referências: 

– “Quality of Life in Patients <=70 Years of Age with Chronic Lymphocytic Leukemia Treated Frontline with Ibrutinib-Rituximab Versus Fludarabine Cyclophosphamide Rituximab: Analysis from ECOG-ACRIN E1912”, presented by Priyanka A Pophali, MD on December 11 at ASH annual meeting 2021.