Quimioterapia antes de quimiorradioterapia não traz benefício para o tratamento de câncer de colo uterino, revela estudo do Journal of Clinical Oncology - Oncologia Brasil

Quimioterapia antes de quimiorradioterapia não traz benefício para o tratamento de câncer de colo uterino, revela estudo do Journal of Clinical Oncology

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Atualmente, o tratamento padrão do câncer de colo uterino localmente avançado é a quimiorradioterapia baseada em cisplatina. No entanto, em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde o acesso a radioterapia pode ser mais limitado, há um interesse em estudos que avaliem o papel de tratamentos antes do início da radioterapia. Neste contexto, o CIRCE trial, um estudo brasileiro publicado no Journal of Clinical Oncology, avaliou o papel da quimioterapia neoadjuvante previamente à quimiorradioterapia.

Este foi um estudo fase II, que randomizou 110 pacientes com câncer de colo uterino estádios clínicos FIGO IIB a IVA para dois braços: quimioterapia neoadjuvante com cisplatina e gencitabina por 3 ciclos, seguida por radioterapia por 6 semanas concomitante a cisplatina semanal e braquiterapia se factível em seguida; ou apenas quimiorradioterapia seguidas de braquiterapia.

A sobrevida livre de progressão em três anos, desfecho primário do estudo, foi de 40,9% no braço com neoadjuvância versus 60,4% no braço com apenas quimiorradioterapia (HR 1,84; IC 95% 1,04 a 3,26; p= 0,033). A neoadjuvância também mostrou números significativamente inferiores em termos de sobrevida global em 3 anos: 60,7% versus 86,8% (HR 2,79; IC 95% 1,29 a 6,01; p=0,006). A taxa de resposta completa ao final do tratamento foi de 56,3% no braço neoadjuvância versus 80,3% no grupo quimiorradioterapia (p=0,006).

As toxicidades foram semelhantes nos dois grupos, mais comumente mielossupressão, sintomas gastrointestinais e disúria. O grupo submetido a neoadjuvância apresentou mais frequentemente hipomagnesemia e neuropatia.

Portanto, este estudo brasileiro demonstrou que a neoadjuvância não foi superior ao esquema tradicional de quimiorradioterapia, e, possivelmente, foi inferior em termos de desfechos no tratamento do câncer de colo uterino localmente avançado. Você pode ler o trabalho original aqui.