O estudo KEYNOTE-189, conforme o Grupo Oncologia Brasil antecipou, significa mudanças de conduta na prática clínica, com benefícios para os pacientes com câncer de pulmão de histologia não escamosa em primeira linha de tratamento.
Dr. Marcelo Cruz, oncologista clínico brasileiro radicado há dois anos no Programa de Desenvolvimento de Novas Drogas da Northwestern University, em Chicago, fez uma análise do estudo para o Oncologia Brasil, logo após a concorrida sessão plenária desta segunda-feira (16) no Congresso AACR.
O KEYNOTE-189 é um estudo randomizado de fase 3 que avaliou pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células estágio IV sem mutação EGFR ou ALK, que foram randomizados a receber quimioterapia padrão com pemetrexede e carboplatina, (pacientes com histologia não escamosa) versus o braço investigacional de pemetrexede, carboplatina e pembrolizumabe.
“O que é interessante no desenho desse estudo é que, no grupo de pacientes do braço controle, o braço com pemetrexede e carboplatina poderia haver o crossover para receber pembrolizumabe na progressão da doença. Esses pacientes foram selecionados independentemente da situação de PD-L1 e recebiam quimioterapia com pembrolizumabe versus a quimioterapia padrão convencional para pacientes com histologia não escamosa”, detalhou Cruz. Foram randomizados cerca de 600 pacientes.
Os resultados mostraram um ganho significativo de sobrevida global com HR de 0,49. “Para se ter uma ideia da importância desse resultado, o Congresso ASCO, analisando há dois anos endpoints de estudos clínicos similares, considerava que um estudo positivo de primeira linha deveria apresentar um HR de 0,7”, comparou o entrevistado.
Cruz acrescentou que também houve um ganho importante de sobrevida livre de progressão com HR de 0,52 e um P” extremamente significativo, assim como em sobrevida global. A taxa de resposta foi de 48% para um grupo de pacientes que recebeu quimioterapia mais pembrolizumabe, versus cerca de 20% do grupo de pacientes que recebeu a quimioterapia com pemetrexede e carboplatina.
Do ponto de vista de toxicidade, não houve grandes diferenças, na avaliação dele. “O que chamou a atenção é que houve um pouco mais de nefrite e insuficiência renal aguda em torno de 5%. Não são resultados altos quando comparado ao grupo que recebeu quimioterapia. Mas devemos ficar de olho.”
“Trata-se de um estudo que mostrou claramente que a associação de quimioterapia (pemetrexede, carboplatina) e pembrolizumabe na primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de histologia não escamosa, sem mutações do EGFR e do ALK, representa ganho significativo em sobrevida global, sobrevida livre de progressão, taxa de resposta com perfil de toxicidade bastante parecido com o da quimioterapia. Nos Estados Unidos, já usamos desde abril de 2017, quando essa combinação foi aprovada, baseada no estudo de fase 2 e, agora, com essa confirmação dos resultados, acredito que essa passa a ser uma terapia padrão para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células, histologia não escamosa, estágio IV, independente da expressão de PD-L1. Também não houve grandes diferenças em relação a todos os endpoints primários, sobrevida global, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta com relação às análises dos diversos subgrupos. Representa sem dúvida um ganho significativo e uma mensagem importante de mudança de conduta da prática clínica para esses pacientes. Esse estudo, além de ser apresentado no AACR, foi publicado hoje no NEJM.“
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